Boate Kiss: trauma psicológico persiste entre sobreviventes

Aspecto emocional impacta também equipes de saúde, diz fisioterapeuta

  • Data: 27/01/2023 21:01
  • Alterado: 27/01/2023 21:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Boate Kiss: trauma psicológico persiste entre sobreviventes

Crédito:Reprodução

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O sorriso no rosto não mostra as marcas internas de uma das sobreviventes do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, há dez anos. A gaúcha Cristiane Clavé, de 36 anos, estava na casa noturna para comemorar um aniversário e, na dramática noite, perdeu 15 amigos. Sem cicatrizes visíveis, Cristiane não precisou ser internada, mas uma tosse persistente a fez procurar atendimento médico dois dias depois da tragédia.

“Fiz exames porque minha tosse não passava e, com isso, ficou constatada uma queimadura interna, no pulmão. Foi assim que comecei o tratamento no Centro Integrado de Atendimento às Vítimas de Acidentes (Ciava) e até hoje faço acompanhamento com o pneumologista. Fiz fisioterapia até o final do ano passado, agora estou conseguindo fazer natação e outras atividades físicas”, conta Cristiane. “O tratamento será para o resto da vida. A cada três meses, volto ao centro para uma série de exames.”

O Ciava é um núcleo do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), criado após a tragédia na casa noturna. O hospital foi o primeiro ponto de atendimento e entendeu que precisaria reunir diversos profissionais para que o tratamento fosse adequado às vítimas. O centro atendeu 602 vítimas do incêndio em um conjunto multidisciplinar com pneumologistas, psiquiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e outros. Atualmente, 25 pacientes que estavam na boate na noite do incêndio são acompanhados pelo centro.

Segundo Cristiane, os profissionais do Ciava prestam um atendimento cuidadoso e fraternal com os pacientes. Na avaliação de Cristiane, muitos médicos foram aprendendo a lidar com situação das vítimas e ajustando o tratamento às necessidades individuais.

“Os primeiros profissionais que me atenderam me tratavam como filha. Uma das médicas explicava tudo o que estava acontecendo comigo, quais procedimentos estavam sendo feitos. Eles me falavam que o que acontecia era algo complicado também  para eles porque, até então, ninguém havia passado por situação semelhante. Até a medicação foi sendo adaptada ao longo do tempo, pois fazíamos testes, muitos exames, raios x – tudo para avaliar se havia necessidade de alterar a dose de alguma medicação”, lembra Cristiane.

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  • Data: 27/01/2023 09:01
  • Alterado:27/01/2023 21:01
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  • Fonte: Agência Brasil









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