Avanços e Desafios no Tratamento do Alzheimer

Avanços em diagnósticos e novas políticas públicas trazem esperança.

  • Data: 01/01/2025 09:01
  • Alterado: 01/01/2025 09:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Avanços e Desafios no Tratamento do Alzheimer

Crédito:Junior Camargo/PMSCS

Você está em:

No último ano, o campo de pesquisa sobre o Alzheimer viu significativos progressos, embora também tenha enfrentado desafios. Um dos eventos mais impactantes foi a suspensão dos testes clínicos do simufilam, um medicamento em desenvolvimento pela Cassava Sciences, uma empresa norte-americana. Anunciada em novembro, a decisão causou desapontamento entre pacientes e familiares, mas não foi uma surpresa para os especialistas da área.

O fármaco já havia sido alvo de controvérsias na comunidade científica, incluindo críticas publicadas em periódicos especializados e alegações de manipulação de dados por parte de um dos consultores envolvidos no projeto. Apesar dessas dificuldades, a Cassava prosseguiu com os testes clínicos de fase 3, etapa crucial antes da submissão à aprovação da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA).

No entanto, os resultados obtidos não demonstraram uma redução significativa e consistente no avanço da demência entre os quase 2.000 pacientes participantes do estudo. Diante dessa situação, a empresa decidiu interromper seus investimentos no projeto.

Por outro lado, a pesquisadora Claudia Suemoto, professora da Universidade de São Paulo (USP), acredita que 2024 foi um ano promissor para as iniciativas de tratamento e prevenção do Alzheimer no Brasil. Ela enfatiza a relevância do “Relatório Nacional sobre a Demência” e da “Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências”, que representam um passo inicial rumo à implementação de um Plano Nacional de Demência.

Suemoto considera que esse movimento evidencia uma maior atenção ao tema. “Foi um ano muito importante para colocarmos o assunto em pauta”, afirma.

A nova legislação aprovada promove a capacitação profissional e incentiva investimentos em pesquisa. Além disso, convoca o governo a desenvolver um plano de ação eficaz para enfrentar essas doenças neurodegenerativas. O relatório menciona dados relevantes sobre a prevalência do Alzheimer no Brasil, essenciais para a formulação de políticas públicas eficazes.

Entre as inovações destacadas está o desenvolvimento de um exame sanguíneo capaz de detectar o Alzheimer por meio da identificação de biomarcadores específicos. O teste demonstra uma precisão de 90% na detecção das proteínas tau e beta-amiloides presentes no sangue, superando a taxa de acerto do diagnóstico clínico tradicional, que é cerca de 73%.

Suemoto vê essa inovação como um dos principais avanços do ano. Contudo, ressalta que ainda há etapas cruciais a serem superadas antes que o exame possa ser amplamente adotado no Brasil, incluindo a validação dos testes para esta população específica. “Esse progresso tem potencial para revolucionar o diagnóstico do Alzheimer e outras demências”, observa.

Em adição aos avanços na detecção precoce da doença, dois novos fatores de risco foram reconhecidos pela respeitada comissão da revista Lancet: perda de visão e colesterol elevado. Estes se somam aos 12 fatores já conhecidos que contribuem para aproximadamente metade dos casos globais de demência.

O colesterol alto pode afetar negativamente a saúde cardiovascular dos indivíduos, comprometendo a circulação sanguínea cerebral e favorecendo o surgimento de lesões cerebrais associadas ao Alzheimer. Por sua vez, problemas visuais reduzem os estímulos mentais, aumentando o risco de morte neuronal e deterioração cognitiva.

Os demais fatores incluem baixa escolaridade, traumas cranianos, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus, depressão, isolamento social, perda auditiva e poluição atmosférica. Especialistas concordam que abordar esses fatores é essencial para combater o Alzheimer, embora a prevalência varie conforme região geográfica e estrato social.

Adicionalmente, houve progresso nas terapias anti-amiloides destinadas à remoção das placas amiloides do cérebro dos pacientes. Em julho deste ano, a FDA aprovou o uso do donanemab pela farmacêutica Eli Lilly sob o nome comercial “Kinsula”, atualmente em avaliação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Por outro lado, a produção do aducanumab foi suspensa unilateralmente pela Biogen após sua autorização pela FDA em 2021. Jamerson de Carvalho, especialista do Hospital Universitário da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), observa que os resultados esperados com os tratamentos anti-amiloides não corresponderam às expectativas da comunidade científica.

Ainda que os anticorpos monoclonais consigam remover placas amiloides com certo sucesso, eles não proporcionam benefícios significativos na qualidade de vida dos pacientes e apresentam riscos sérios associados como hemorragias e inchaço cerebral.

Neste contexto positivo sobre cuidados interdisciplinares e reabilitação nos últimos anos resultou na ampliação da expectativa de vida para pacientes com demência e Alzheimer. “É crucial não perdermos essa perspectiva”, conclui Carvalho. As inovações alcançadas ao longo do último ano indicam um caminho promissor rumo à prevenção e ao diagnóstico precoce destas condições.

Compartilhar:

  • Data: 01/01/2025 09:01
  • Alterado:01/01/2025 09:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









Copyright © 2025 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados