Arthur Lira encerra presidência da Câmara após 4 anos de poder
Ao longo de seu mandato, Lira consolidou o centrão, centralizou poder e se destacou por estratégias controversas, deixando um legado de influência na política brasileira
- Data: 27/12/2024 14:12
- Alterado: 27/12/2024 14:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Folha
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)
Crédito:Marina Ramos/Câmara dos Deputados
O alagoano Arthur Lira (PP), aos 55 anos, se prepara para encerrar em janeiro seu mandato de quatro anos como presidente da Câmara dos Deputados, destacando-se por uma trajetória única na política brasileira recente.
Durante sua gestão, Lira se tornou figura central no Congresso, liderando o centrão, uma coalizão de parlamentares de centro-direita e direita que se consolidou como a principal força legislativa do país.
Emendas como instrumento de poder
O controle sobre a distribuição das emendas parlamentares foi um dos principais instrumentos de seu poder, com um recorde superior a R$ 50 bilhões, resultado de sua atuação estratégica. Em 2019, Lira declarou: “Se há algo justo neste país, são as emendas parlamentares”, destacando a importância desse recurso para a articulação política e o desenvolvimento regional.
Indicação de sucessor
Outro marco importante de sua presidência foi a indicação de Hugo Motta (Republicanos-PB) como seu sucessor, algo inédito nos últimos 20 anos. Motta ressaltou que Lira fortaleceu o Legislativo e fez da Câmara um protagonista no crescimento do país.
Críticas e controvérsias
Internamente, Lira utilizou a distribuição de relatorias para ampliar sua influência entre os colegas e conseguiu pautar votações de forma ágil, às vezes sem seguir os processos tradicionais, como ocorreu com a rápida aprovação do pacote de gastos do governo. Essa postura gerou críticas, com adversários como Ivan Valente (PSOL-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ) acusando-o de centralizar decisões e adotar uma postura autoritária.
Lira, que se posicionou como defensor das pautas econômicas e do agronegócio, teve sua gestão marcada pela Reforma Tributária, considerada um de seus legados mais importantes.
Trajetória política
Lira começou sua carreira política cedo, sendo eleito vereador em Maceió aos 23 anos. Desde então, passou pela Assembleia Legislativa de Alagoas e chegou à Câmara dos Deputados em 2011. Sua carreira não foi isenta de polêmicas, incluindo escândalos de desvio de verbas e investigações durante a Operação Lava Jato.
Em 2020, desempenhou papel crucial na articulação entre o centrão e o governo Bolsonaro, o que lhe garantiu a eleição como presidente da Câmara em 2021. Após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, Lira adaptou sua estratégia, formando novos acordos com o governo eleito.
Arthur Lira nunca viu motivo para impeachment do Bolsonaro. Só tinha olhos para o orçamento secreto. É mesmo um poodle com os golpistas, só fala grosso com deputada do PSOL.
— GugaNoblat (@GugaNoblat) August 1, 2023
pic.twitter.com/WZdjXddw7Y
Últimos passos e legado
Reeleito em 2023 com um recorde histórico de votos, Lira enfrentou investigações sobre corrupção, que foram arquivadas. Apesar das críticas, manteve uma imagem conciliadora com o Executivo, reafirmando seu compromisso com as prerrogativas parlamentares. Em sua última sessão, foi elogiado por diversos deputados e expressou o desejo de retornar ao “chão de fábrica” da Casa.
Ainda há incertezas sobre seus próximos passos políticos, mas aliados indicam que Lira pode continuar a desempenhar um papel relevante no cenário nacional nos próximos anos. Seu legado à frente da Câmara deixa uma marca profunda, influenciando os rumos do Legislativo brasileiro.