Área de cultivo de soja no Brasil cresce

Cultivo triplica e ameaça vegetação nativa, revela estudo MapBiomas

  • Data: 06/12/2024 08:12
  • Alterado: 06/12/2024 08:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Área de cultivo de soja no Brasil cresce

Lavoura de Soja em Mato Grosso

Crédito:Imagem Drone - Rafael Marques/Secom - MT

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Em um levantamento recente conduzido pela rede MapBiomas, divulgado na última sexta-feira (6), foi revelado que a área destinada ao cultivo de soja no Brasil sofreu uma significativa expansão ao longo das últimas décadas. Em 1985, o território utilizado para essa cultura era de 4,4 milhões de hectares; atualmente, em 2023, essa cifra chega perto dos 40 milhões de hectares, equiparando-se à área total do Paraguai e correspondendo a 14% da área agropecuária nacional.

Durante o período inicial de análise, entre 1985 e 2008, a área cultivada com soja atingiu 18 milhões de hectares. Deste total, um terço (30%) foi obtido mediante a ocupação de áreas com vegetação nativa, resultando em uma perda de 5,7 milhões de hectares dessa vegetação. Além disso, aproximadamente 5 milhões de hectares (26%) foram convertidos de pastagens para o plantio de soja.

Na etapa subsequente do estudo, abrangendo os anos de 2009 a 2023, observou-se um aumento adicional de 17 milhões de hectares destinados ao cultivo do grão. Destes, 6,1 milhões de hectares (36%) foram transformados a partir de pastagens e 2,8 milhões de hectares (15%) anteriormente abrigavam vegetação nativa.

O relatório da MapBiomas também destaca um crescimento expressivo das culturas temporárias — como soja, cana-de-açúcar, arroz e algodão — que passaram de 18 milhões para 60 milhões de hectares no período analisado. No último ano, o bioma Cerrado registrou o maior avanço da soja com 19,3 milhões de hectares, seguido pela Mata Atlântica com 10,3 milhões e a Amazônia com 5,9 milhões. O Pampa se destacou por ter mais de um quinto do seu território (21%) ocupado por essa monocultura.

Eliseu Weber, especialista em agricultura do MapBiomas, salienta que a preferência pelo cultivo da soja em detrimento da criação bovina está associada aos retornos econômicos mais rápidos que a commodity proporciona. Ele ainda menciona a falta de políticas voltadas para a conservação das fisionomias naturais raras no país. “O Pampa representa apenas 2,5% do território brasileiro e já perdeu dois terços da sua área original”, comenta Weber.

Além disso, o relatório aborda as extensas áreas dedicadas à pastagem no Brasil, que somam aproximadamente 164 milhões de hectares ou cerca de 60% da área agropecuária total do país. Desde 1985, houve um incremento significativo nas áreas destinadas a esse uso humano modificado — definidas como antrópicas — passando dos iniciais 92 milhões para os atuais números. Na Amazônia, onde as pastagens ocupam cerca de 59 milhões de hectares (36%), estima-se que já se perdeu cerca de 14% do bioma para esse fim.

No Cerrado, as pastagens cobrem cerca de 51 milhões de hectares (31% do bioma), constituindo aproximadamente um quarto da área total desse ecossistema. Somados os dados da Amazônia e do Cerrado, conclui-se que esses biomas abrigam dois terços das pastagens brasileiras. Por sua vez, os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica destacam-se por possuírem as maiores áreas proporcionais dedicadas à pastagem: são respectivamente 23 milhões (27%), 51 milhões (26%) e 29 milhões (26%) de hectares.

Outro ponto ressaltado pelos pesquisadores é a longevidade das áreas de pastagem: na Mata Atlântica, a maioria dessas áreas (84%) já existe há mais de três décadas; no Cerrado, esse índice é igualmente elevado com cerca de 72% das áreas abertas há mais de duas décadas ainda em uso.

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  • Data: 06/12/2024 08:12
  • Alterado:06/12/2024 08:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil









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