Após pódios como atleta, Adauto cuida do preparo físico do handebol
Bicampeão pan-americano de atletismo em Indianópolis e Havana nas décadas de 1980 e 1990, além de títulos na São Silvestre, Adauto Domingues está na equipe do handebol de Santo André
- Data: 15/12/2015 18:12
- Alterado: 16/08/2023 17:08
- Autor: Elaine Granconato
- Fonte: Secom PSA
Adauto Domingues
Crédito:Fernando Dantas
O que o handebol feminino tem a ver com o atletismo de Santo André, questionariam alguns de bate-pronto. Praticamente tudo, responderiam as jogadoras da equipe principal do esporte coletivo e campeãs dos Jogos Regionais deste ano. Afinal, diariamente, elas são treinadas na parte física nada mais nada menos pelo ex-atleta Adauto Domingues, 54 anos, bicampeão pan-americano nos 3.000 m com obstáculos em Indianápolis (1987) e Havana (1991), entre vários outros títulos que o colocaram com um dos esportistas mais respeitados na modalidade.
Como atleta nascido em São Caetano e hoje morador em Santo André, Adauto escreveu seu nome no atletismo nas décadas de 1980 e 1990 com conquistas históricas. Por uma década, por exemplo, dominou as provas de pistas – dos 1.500 metros e 5.000 metros – em solo brasileiro. Somente na São Silvestre, tradicional corrida internacional pelas ruas de São Paulo, foram quatro pódios, entre 1976, ainda com 15 anos e como estreante, e 1995, última participação e já com vários títulos no currículo.
“Parei de correr profissionalmente com 35 anos, quando algumas sequelas naturais do esporte de alto rendimento se manifestaram”, contou Adauto, que virou técnico da reconhecida equipe de atletismo do Sesi/Santo André, após a morte do seu treinador Asdrúbal Batista, em 1993. “Teve momentos que era atleta e treinador”, recorda-se o servidor público estatutário na Prefeitura desde a década de 1980 e preparador físico do time adulto de handebol feminino há seis anos.
Trabalho elogiado pelo grupo. “O Adauto é um excelente profissional e que conhece bem o lado do atleta, antes de tudo, para dosagem dos exercícios. Gosto muito da parte física dele para a prática do handebol”, afirmou Naira Morgana Mendes de Almeida, 22 anos, uma das goleiras da equipe andreense, que nesta terça-feira (15) viaja para Mara Rosa, cidade a 150 km da divisa do estado de Goiás com Tocantins, para as festas de fim de ano e férias ao lado da família.
Adauto reforçou que o handebol é um esporte de contato, o que exige condicionamento físico impecável. Os treinos diários, com cerca de duas horas em média, variam entre corridas por parques públicos pela manhã para melhora da resistência aeróbia e cardiovascular – parte não tão agradável para as meninas – e exercícios de musculação e força na Academia Coliseu, além de circuitos na quadra no Ginásio Noêmia Assumpção, no bairro Camilópolis, onde a equipe de Santo André comanda seus jogos nos campeonatos – o retorno do time será em fevereiro para a temporada 2016.
“É algo também prazeroso para mim”, disse Adauto, que trabalha ao lado do experiente técnico Rubens Piazza. Apesar da pouca idade, a goleira Naira, que chegou de Goiás para Santo André há três anos, recorreu a vídeos na internet para assistir a performance de seu atual preparador físico enquanto atleta. “Ele disputou Pan-Americano e Olimpíada”, ressaltou a jogadora, referindo-se aos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, quando Adauto chegou à semifinal com a camisa da Seleção Brasileira.
INFÂNCIA – No atletismo, Adauto começou aos nove anos, na Associação Patrulheiros Mirins, em São Caetano, onde permaneceu até os 17. De lá, praticamente, fez sua vida como esportista nas equipes do Sesi de Santo André, onde dominou por dez anos as provas nacionais de pista, no alto de seu 1m73 e 63 quilos. Hoje, a silueta mudou e saltou para os 78 quilos.
Formado em Educação Física pela tradicional Fefisa (Faculdade de Educação Física de Santo André) na Vila Pires, que fecha suas portas neste ano para tristeza do ex-meio-fundista, Adauto ainda divide seu tempo como técnico da forte equipe BM&F Bovespa. Entre outros, treina o amigo e bicampeão brasileiro da maratona de Nova York 2006/2008, Marílson Gomes dos Santos, uma das esperanças do Brasil na Olimpíada Rio 2016.
“Você não forma um atleta olímpico”, ressaltou Adauto, ao tecer críticas, de maneira ampla, a falta de políticas públicas esportivas nas escolas espalhadas pelo território brasileiro. Além de preparador físico e técnico, o ex-atleta atua ainda como consultor na Confederação Brasileira de Atletismo nas modalidades de corrida meio-fundo (distância de 800 metros a 3.000 metros) e fundo (de 5.000 metros à maratona), além de marcha atlética.