Após Covid-19, autoridades de saúde pública alerta para riscos de novas pandemias
Conheça os perigos da gripe aviária e outras doenças infecciosas que ameaçam a saúde global
- Data: 27/12/2024 11:12
- Alterado: 27/12/2024 11:12
- Autor: Redação
- Fonte: SBT News
Virus
Crédito:Reprodução
Com o recuo da pandemia de Covid-19, muitos cidadãos em todo o mundo têm demonstrado crescente ansiedade quanto à possibilidade de uma nova pandemia. A crise sanitária anterior, que resultou na morte de milhões, deixou um legado de preocupação em relação a futuras doenças infecciosas, sejam elas causadas por vírus, bactérias, fungos ou parasitas.
As autoridades de saúde pública estão particularmente atentas a três doenças infecciosas que continuam a representar uma ameaça significativa: a malária, provocada por parasitas; o HIV, um vírus responsável por milhares de mortes; e a tuberculose, uma infecção bacteriana que ainda aflige diversas populações ao redor do globo. Essas condições são responsáveis por cerca de 2 milhões de óbitos anualmente.
Além disso, existe uma vigilância constante sobre patógenos prioritários, especialmente aqueles que apresentam resistência aos tratamentos convencionais, como antibióticos e antivirais. Essa vigilância é fundamental para a identificação precoce de potenciais surtos.
Atualmente, um dos maiores focos de preocupação é o subtipo H5N1 do vírus influenza, conhecido como gripe aviária. Este vírus tem se espalhado entre aves selvagens e domésticas e foi recentemente identificado em rebanhos leiteiros nos Estados Unidos, além de ter sido detectado em equinos na Mongólia.
Aumento no número de casos de gripe aviária em aves levanta preocupações sobre a possibilidade de transmissão para humanos. Neste ano, 61 casos humanos foram registrados nos EUA, um aumento significativo em relação aos dois casos observados nos dois anos anteriores. A maioria das infecções humanas está associada ao contato com aves infectadas ou ao consumo de produtos lácteos não pasteurizados.
O risco é acentuado pela elevada taxa de mortalidade associada ao H5N1 em humanos, que chega a 30%. Apesar dessa gravidade, os especialistas ressaltam que atualmente o vírus não é transmitido entre pessoas, o que diminui as chances de uma nova pandemia.
Os vírus da gripe precisam se ligar a receptores específicos nas células para iniciar sua replicação. O H5N1 é altamente adaptado aos receptores das aves e apresenta dificuldades para infectar células humanas. Contudo, investigações recentes indicam que uma única mutação no genoma do vírus poderia facilitar essa adaptação e potencialmente permitir sua transmissão entre humanos.
Diante desse cenário, os governos estão sendo instados a desenvolver planos eficazes para conter qualquer surto emergente. Países como o Reino Unido já estão tomando medidas preventivas, como a aquisição de 5 milhões de doses da vacina contra o H5N1, como forma de se preparar para possíveis riscos futuros relacionados à gripe aviária.
Ainda que o H5N1 possa não ter capacidade atual de transmissão humana, sua presença contínua representa uma séria ameaça à saúde animal e pode impactar a cadeia alimentar e a economia global.
A abordagem adotada pelos profissionais da saúde destaca o conceito de “One Health”, que integra as esferas da saúde humana, animal e ambiental. Essa perspectiva enfatiza a interconexão entre esses domínios e reforça a importância da pesquisa e prevenção para garantir a segurança em todas as frentes.
No entanto, os desafios persistem com doenças como malária, HIV e tuberculose — as chamadas “pandemias lentas” — que continuam a afetar milhões. É essencial manter o foco na erradicação dessas doenças enquanto se permanece atento às novas ameaças emergentes.
Conor Meehan é professor associado de Bioinformática Microbiana na Universidade Nottingham Trent.