Advogado diz que documentos foram adulterados antes de ir para o MPF
Duran foi convocado para depor à CPMI porque é apontado como operador de propinas da Odebrecht. Ele tem pedido de prisão emitido por Sergio Moro mas vive em liberdade na Espanha
- Data: 30/11/2017 14:11
- Alterado: 16/08/2023 03:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, nesta quinta-feira, 30, o advogado Rodrigo Tacla Duran disse que os documentos utilizados pelo então procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot, em denúncia contra Temer, foram “adulterados” e, portanto, são falsos.
Ao fazer essa acusação, Tacla Duran se refere aos documentos do sistema de comunicação secreto do setor de propinas da Odebrecht chamado de Drousys. O advogado disse aos parlamentares que contratou uma perícia que mostra que sistemas internos da Odebrecht foram adulterados antes de serem entregues ao Ministério Público Federal.
Algumas das informações disponibilizadas no Drousys pela Odebrecht foram usados por Janot para embasar a segunda denúncia contra o presidente da República, rejeitada recentemente na Câmara dos Deputados.
“A perícia comprova que os extratos do Meinl Bank são falsos. Comprovam também que o sistema Drousys da Odebrecht foi manipulado e adulterado, antes, durante e depois de ter sido bloqueado pelas autoridades da Suíça. Isso quer dizer que essas informações não se prestam como provas para incriminar quem quer que seja, muito menos deputados, senadores e o presidente. A prova é nula”, disse Tacla Duran.
O advogado tem um pedido de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro, mas se mantém em liberdade na Espanha, onde vive atualmente. Por conta do pedido feito pelo magistrado, Tacla Duran foi alvo de um pedido de extradição para o Brasil, o que foi negado por autoridades espanholas.
“Eu não parto da premissa de que o procurador Janot estava mentindo. Eu parto da premissa de que ele obteve no Drousys, mas isso prova que o sistema foi manipulado depois do bloqueio feito pela Suiça em março de 2016”, argumentou o advogado em videoconferência.
Tacla Duran se recusou a entrar no acordo de delação que envolveu 77 executivos ligados à empreiteira. Ele é acusado de operar, ao lado de executivos do departamento de propinas da Odebrecht, propinas de dois contratos firmados pelos consórcios Pipe Rack e TUC, integrados pelas empresas Odebrecht e UTC, com a Petrobras para a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).