Acidente nuclear de Fukushima completa 5 anos e preocupa ecologistas
Os japoneses fizeram um minuto de silêncio nesta sexta-feira, cinco anos após o devastador tsunami que matou mais de 18 mil pessoas e destruiu os reatores da usina nuclear de Fukushima
- Data: 11/03/2016 10:03
- Alterado: 11/03/2016 10:03
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil e Estadão Conteúdo
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O imperador Akihito, a imperatriz Michiko e o primeiro-ministro Shinzo Abe, todos em vestimentas formais, lideraram uma cerimônia em Tokio, da qual participaram autoridades e sobreviventes.
Cinco anos depois, as comunidades mais prejudicadas ainda precisam ser reconstruídas. Cerca de 180 mil pessoas ainda estão fora de casa, incluindo as que relutam para voltar a Fukushima. A maior parte da cidade centro do desastre, Tohoku, no litoral, permanece vazia, exceto por enormes montes de areia que estão sendo erguidos para minimizar o risco de outros tsunamis no futuro.
O primeiro-ministro Shinzo Abe reconheceu que muitas pessoas ainda estão em dificuldades, mas disse que “a reconstrução está fazendo progresso firmemente, passo a passo, com casas sendo reconstruídas e empregos sendo retomados”.
O grupo ecologista Greenpeace advertiu hoje que “não há solução à vista para os quase 100 mil desalojados” pela crise na central japonesa. “Não sabemos exatamente o que causou o acidente e o governo japonês continua minimizando o nível de radioatividade nas zonas que tiveram de ser evacuadas. É trágico e inaceitável”, lamentou, em comunicado, o diretor da organização ecologista no Japão, Junichi Sato.
Para os ambientalistas, a crise da central Fukushima Daiichi foi “um dos piores acidentes industriais na história” e os governos devem apostar urgentemente na “energia limpa, renovável e segura”. O Greenpeace também pediu ao governo japonês e à operadora Tokyo Electric Power (Tepco), proprietária da central, para dar prioridade à “segurança e ao meio ambiente” e apontou que o encerramento da central de Takahama, ordenado esta semana por um tribunal do Japão, por razões de segurança, é “um sinal de que a energia nuclear não tem futuro” no país.
O Greenpeace concluiu um estudo do impacto ambiental do acidente de Fukushima e apresentará os resultados nos próximos meses. No entanto, já publicou, na semana passada, relatório em que alerta para as mutações detectadas na flora e na fauna da área afetada pelo acidente de 11 de março de 2011, advertindo para as “elevadas concentrações de radiação” em folhas novas de cedro e no pólen, alterações de crescimento em árvores como o abeto ou em espécies como as borboletas azuis, para danos no ADN de gusanos (um tipo de verme) e para uma redução da fertilidade da andorinha comum.
Cinco anos após o desastre nuclear de Fukushima, o Japão pretende que os 37 países que ainda proíbem ou limitam a importação de alimentos daquela região levantem as restrições, afirmou hoje o governo. “Gostaríamos de erradicar estes rumores danosos [sobre os produtos de Fukushima] mostrando os progressos na reconstrução, através das nossas embaixadas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida.
O chefe da diplomacia nipônica se comprometeu a “continuar trabalhando” para que sejam levantadas as barreiras, impostas por conta das emissões da central que contaminaram as zonas próximas e que afetaram os produtos da agricultura, pecuária e pesca.
Segundo dados oficiais japoneses, 37 países e regiões, incluindo a China ou a Coreia do Sul, ainda impõem limitações. O Japão também proibiu temporariamente a venda e o consumo de vários produtos de Fukushima, como arroz ou carne de vaca, dentro do próprio país.
O governo aprovou nesta sexta-feira um novo plano de cinco anos, no valor de 6,5 trilhões de ienes (US$ 57 bilhões), para acelerar a construção de moradias públicas para os que tiveram de sair de casa e para cuidados médicos, infraestrutura, promoção do turismo e outros projetos.