A importância da musicalização para o desenvolvimento das crianças
A educadora musical Priscila Coimbra destaca as vantagens de estudar música desde a primeira infância, tais como a apropriação da cultura onde está inserida e o desenvolvimento
- Data: 02/08/2022 12:08
- Alterado: 16/08/2023 23:08
- Autor: Redação
- Fonte: Priscila Coimbra
Musicalização infantil
Crédito:Agência Brasil - Divulgação/Orquestra Ouro Preto
Aprender música é uma excelente forma das crianças aprimorarem seu desenvolvimento global. Nesse sentido, ganha destaque a musicalização infantil, que utiliza como principal meio de aprendizagem o próprio corpo da criança. Através de vivências musicais envolventes e divertidas – onde se enxerga simplesmente brincando – a criança amplia seu universo sonoro e desperta seu gosto pela música.
A educadora musical Priscila Coimbra é especialista em musicalização infantil acredita em “métodos ativos” para iniciar às crianças (desde os 10 meses de idade) no mundo dos sons e da música. “Nesses métodos a criança aprende fazendo e, além disso, é protagonista durante todo o fazer musical, colaborando ativamente no processo, com suas ideias, preferências, medos, alegrias, onde suas limitações e inquietações são amplamente consideradas”, explica.
Para o ensino de música a crianças, Priscila considera imprescindível que aconteça o “encantamento”. “As atividades devem ser desenvolvidas em forma de brincadeira, por meio do entrelaçamento da dança, música, linguagem, teatralidades, objetos sonoros, instrumentos musicais e muita criatividade”, diz. Conforme a educadora musical, o encantamento causado pela brincadeira é muito mais efetivo para que as crianças compreendam a música do que a apresentação de instruções.
Formada em licenciatura em música e pós-graduada em Educação Musical, Priscila Coimbra já participou de capacitações com grandes profissionais da área, tais como Enny Parejo, Lydia Hortélio, Barbatuques, Teca Alencar Britto, Estevão Marques, Ana Quilez e Instituto Brincante. Há 17 anos atua como educadora musical em escolas privadas e na rede municipal de ensino de Franca (SP) e também em seu próprio espaço de musicalização chamado Musicativa.
Nestes espaços, ela desenvolve seu trabalho, organizando-o através de projetos, nos quais atividades se conectam de uma aula a outra, com o intuito de se transformarem em um conhecimento maior. Priscila comenta que em um projeto de determinado ritmo musical, por exemplo, a criança não será apresentada apenas à base rítmica, mas terá acesso também às partes histórica, cultural, social, artística dentre outras, relacionadas ao ritmo. “As informações nunca são jogadas de modo aleatório. O objetivo é construir conhecimentos e desenvolver habilidades motora, sensorial, cognitiva, emocional e criativa, considerando a criança um ser integral”, explica.
A fim de promover a ampliação progressiva dos conceitos apresentados em sala de aula, é essencial ainda, segundo a educadora musical, trabalhar muitas vezes o mesmo conteúdo de formas diferentes, utilizando-se, por exemplo, além de repertórios variados, de materiais variados, tais como brinquedos, objetos visuais e/ou sonoros, e instrumentos musicais. “Claro, o professor precisa identificar o nível de desenvolvimento da criança, para intervir de modo a não repetir o que o aluno já fez, mas também para não dar grandes saltos. Afinal se trata de um processo”, diz.
Conforme Priscila, a musicalização infantil gera diversos benefícios às crianças na primeira infância, entre os quais a apropriação da cultura onde está inserida e a oportunidade de conhecer e respeitar muitas outras. Além disso, segundo a educadora musical, a música tem a capacidade de desenvolver diversas áreas do cérebro humano, que se caracteriza por uma maior multiplasticidade quando mais novo. A educadora musical destaca que simples brincadeiras como cantigas, por exemplo, levam ao desenvolvimento da rima, da melodia, do ritmo, que são áreas igualmente mobilizadas pelo ato de ler. “Áreas desenvolvidas pela música são ‘aproveitadas’ no ato da leitura, da escrita e da aprendizagem de conceitos da matemática”, afirma. O estudo da música, segundo Priscila, realiza importantes modificações cerebrais no lobo frontal, que está ligado à tomada de decisões, ao planejamento, à solução de problemas, ao aumento de vocabulário e ao pensamento matemático.
A fala, a dicção, assim como a coordenação motora das crianças, também se beneficia bastante do aprendizado musical. O trabalho com jogos rítmicos e do canto, tendo como repertório canções apropriadas para cada faixa etária, por exemplo, tem relevante papel para o desenvolvimento da fala nas crianças. Já a coordenação motora é aprimorada como reflexo da prática frequente das aulas, que tem como movimentos constituintes andar, correr, saltitar, deslizar, arrastar, engatinhar, assim como jogos rítmicos corporais, danças folclóricas e o manuseio de objetos sonoros e instrumentos musicais. Nesse sentido, Priscila destaca também, a importância da valorização da cultura da infância. “É com jogos de mão num trava-língua, numa brincadeira de pular corda ou de roda cantando que essas habilidades são desenvolvidas, pois, a criança está realizando de corpo e alma algo que faz sentido a ela”, diz.
A educadora musical ressalta ainda que a aprendizagem de forma geral pode ser melhor desenvolvida com o auxílio da música. “Esta se dá por meio de memórias, que, por sua vez, são formadas apenas quando se presta atenção nos acontecimentos”, explica. De acordo com Priscila, brincadeiras musicais educam a atenção das crianças, ao fazerem com que elas aprendam a ouvir, a esperar sua vez e a aguardar o movimento da outra criança para realizar o seu, pois todas essas ações exigem atenção concentrada e rapidez na resposta.
Por fim, a educadora salienta que nesses dias frenéticos, caracterizados por uma sociedade materialista, imediatista e tecnológica, é possível perceber claramente a diferença que o estudo musical faz na vida de uma criança. “Quando o professor realiza um trabalho sensível e cuidadoso, essa criança se torna mais capaz de ouvir o mundo (coisas e pessoas) e de enxergar o belo, adquire mais sensibilidade, respeitando às diferenças e as próprias dificuldades”, conclui.