“A gente vai recuperar a indústria naval brasileira”, diz Lula ao anunciar início das obras de dragagem do Canal de São Lourenço (RJ)
Parceria entre o Governo Federal e a Prefeitura de Niterói viabiliza ampliação do acesso da infraestrutura aquaviária ao Complexo Industrial e Portuário da cidade
- Data: 03/04/2024 08:04
- Alterado: 03/04/2024 08:04
- Autor: Redação
- Fonte: Governo Federal
Presidente Lula durante a cerimônia de anúncio de início das obras de dragagem do Canal de São Lourenço, no Porto de Niterói
Crédito: Ricardo Stuckert / PR
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltou o compromisso de recuperar a indústria naval brasileira para aumentar a geração de emprego e renda no país. A meta foi destacada durante o anúncio de início das obras de dragagem do Canal de São Lourenço, em Niterói (RJ), nesta terça-feira, 2 de abril.
“A gente vai recuperar a indústria naval brasileira. Porque não é possível um país do tamanho do Brasil, 90% de todo o comércio do Brasil é feito através do mar, então, não tem sentido a gente ter déficit comercial na balança por conta que os nossos produtos são todos exportados e comprados em navios de bandeira estrangeira”, afirmou o presidente Lula na cerimônia de anúncio da obra que amplia o acesso da infraestrutura aquaviária ao Complexo Industrial e Portuário de Niterói.
O aluguel de navios estrangeiros prejudica a criação de empregos e de pequenas e médias indústrias no Brasil, o que motiva o Governo Federal a impulsionar a economia nacional para mudar esse cenário. “Significa que a gente vai trazer um produto mais barato, mas o povo aqui está desempregado e não vai poder comprar o produto que vai vir para cá. Por isso, é necessário gerar emprego nesse país, porque o emprego gera renda, a renda gera consumo e o consumo gera desenvolvimento”, defendeu.
Lula enfatizou a relevância das obras de dragagem do Canal de São Lourenço e recordou a criação de um ministério dedicado ao setor pesqueiro. “Quando a gente vem aqui participar de um evento em que a grande obra é fazer a dragagem de um canal de 7 para 11 metros, parece pouca coisa, mas é importante lembrar que essa região também é uma região pesqueira e foi dentro de um barco aqui, na campanha de 2002, que eu assumi o compromisso de criar o Ministério da Pesca”, disse.
O presidente também lembrou o trabalho desempenhado em seu primeiro mandato, iniciado em 2003, para recuperar a indústria naval brasileira. “A gente saiu de menos de 3 mil trabalhadores para 86 mil trabalhadores da indústria naval, com todos os estaleiros do Rio de Janeiro funcionando, de Niterói, em Pernambuco, na Bahia, no Rio Grande do Sul, em Rio Grande e também no Espírito Santo. Mais estaleiros foram montados e a gente passou a construir navios grandes, navios extraordinários, que passaram a ter nomes de personalidades brasileiras”, pontuou.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou a importância da cidade de Niterói para a indústria naval. “O presidente Lula, desde o primeiro momento, me colocou que era uma prioridade do seu governo a gente poder fortalecer o Porto de Niterói, a indústria naval de Niterói, para que a gente possa voltar a gerar emprego, gerar renda e, sobretudo, trabalhar pelo desenvolvimento econômico da região”, declarou.
INVESTIMENTOS — A obra soma R$ 157 milhões em investimentos, sendo R$ 137 milhões provenientes da Prefeitura de Niterói e R$ 20 milhões da Companhia Docas do Rio de Janeiro, empresa pública ligada ao Governo Federal.
O desassoreamento de trecho da Baía de Guanabara, entre a Ilha da Conceição e a Ponte Rio-Niterói, aumentará de 7 para 11 metros a profundidade (calado) do local, o que permitirá o aumento da função operacional dos estaleiros, o estímulo a novas construções de embarcações e a movimentação do setor de reparos e offshore.
A intervenção vai alavancar toda a produção dos setores e gerar, ao longo da execução da obra, cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos. O Porto de Niterói prevê mais de 30% de aumento nas atracações e nos serviços portuários após a dragagem do Canal de São Lourenço. Seus terminais oferecem suporte completo para módulos de plataformas e equipamentos de produção de petróleo e gás.
TERMINAL PESQUEIRO — Outro projeto será desenvolvido na mesma região: a revitalização do Terminal Pesqueiro de Niterói, por meio de acordo para a municipalização do espaço. Após a conclusão da dragagem do Canal de São Lourenço, a intenção é que o terminal se torne um entreposto de pesca, também beneficiando o setor marítimo e gerando emprego e renda.
O imóvel será transformado para atuar como local de carga e descarga, de comércio atacadista e de realização de serviços da frota pesqueira. O novo terminal vai atender a indústria da pesca de todo o estado e colocar a cidade de Niterói entre as principais cidades do país em captura, exportação e distribuição em grande escala de pescado industrial.
No evento desta terça-feira, o ministro Silvio Costa Filho, com o presidente da PortosRio, Francisco Martins, e o prefeito do Niterói, Axel Grael, assinaram o contrato de compra e venda de imóvel do antigo Terminal Pesqueiro.
“Também com essa dragagem, nós vamos viabilizar o funcionamento do terminal pesqueiro, que está aqui muito perto, mas hoje você tem que dar uma grande volta em torno da ilha da Conceição para chegar lá, e esse terminal não tem calado, não há como as traineiras acessarem esse terminal, então, embora tendo sido inaugurado há 15 anos, a gente nunca conseguiu que ele funcionasse”, afirmou o prefeito durante a cerimônia.
“E, agora, numa parceria com o Governo Federal, nós municipalizamos esse terminal pesqueiro e, trabalhando junto com o INPH (Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias), com vários outros órgãos do Governo Federal, a gente vai retomar a atividade desse porto pesqueiro”, comemorou Grael.
PORTOS — Por sua vez, o presidente da PortosRio salientou que a obra vai beneficiar os pescadores da região. ”Esse é um projeto onde vai passar pescador artesanal, uma parcela da população que passa meio que invisível pelas políticas de desenvolvimento”, declarou.
Martins também destacou que a empresa fechou o mês de março com execução orçamentária maior do que em todo o ano passado. “O nosso faturamento, no primeiro trimestre, subiu 58% e isso não seria possível sem os trabalhadores de docas”, disse.