Especialista alerta sobre os riscos do calor intenso e recomendações para a saúde

Hidratação e prevenção são essenciais para proteger a saúde da população

  • Data: 04/03/2025 10:03
  • Alterado: 04/03/2025 10:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Especialista alerta sobre os riscos do calor intenso e recomendações para a saúde

Calor

Crédito:Tomaz Silva/Agência Brasil

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A pesquisadora Tatiane Cristina Moraes de Sousa, professora do Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), enfatiza a importância da hidratação constante e o uso de toalhas úmidas como medidas essenciais para enfrentar o calor extremo. Ela destaca que as altas temperaturas registradas no Rio de Janeiro podem ter impactos significativos tanto a curto quanto a longo prazo na saúde da população.

De acordo com dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS-RJ), mais de 5 mil pessoas buscaram atendimento médico nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) nos primeiros dois meses do ano, devido aos efeitos do calor excessivo.

A professora Sousa ressalta que a análise dos impactos da exposição ao calor deve considerar diversos fatores, como o tempo que uma pessoa permanece exposta, se está em ambientes fechados ou ao ar livre, e as atividades que está realizando. “A forma como uma pessoa é exposta ao calor é crucial para entender os possíveis efeitos na saúde“, afirma.

Entre os efeitos imediatos da exposição ao calor, a pesquisadora menciona sintomas como exaustão e insolação. Em casos graves e sem o tratamento adequado, essas condições podem levar a complicações sérias nos órgãos vitais. “Os sinais incluem desmaios e náuseas, que indicam uma possível insolação. O risco extremo pode resultar em fatalidade, como ocorreu com a universitária Ana Clara Benevides Machado, que faleceu por exaustão térmica durante um show no Rio de Janeiro em 2023”, explica.

Além dos riscos imediatos, Sousa alerta sobre os efeitos a longo prazo da exposição prolongada ao calor. “O corpo humano precisa trabalhar mais intensamente para regular sua temperatura, o que sobrecarrega o sistema cardiovascular e renal. Se essa situação persistir, há um aumento significativo na probabilidade de desenvolvimento de doenças crônicas”, detalha.

Embora as temperaturas tenham alcançado níveis recordes na capital fluminense – com máxima de 44ºC registrada no dia 17 – a professora argumenta que os desafios relacionados ao calor intenso transcendem as fronteiras do Rio de Janeiro e devem ser abordados por diversas esferas da gestão pública e pela sociedade em geral.

“Hidratação é fundamental. A prefeitura tem disponibilizado pontos de hidratação gratuita pela cidade, mas precisamos considerar que evitar a exposição ao sol entre 11h e 15h é ideal. No entanto, isso impacta diretamente os trabalhadores e a forma como organizamos nossos horários laborais”, observa Sousa.

Ela destaca que os trabalhadores mais vulneráveis são aqueles com vínculos informais, como entregadores e vendedores ambulantes, cuja renda depende dos horários mais movimentados. “Como garantir que esses profissionais não trabalhem nos horários críticos? Durante eventos como o carnaval, eles têm suas melhores oportunidades financeiras”, questiona.

Outro aspecto relevante é a faixa etária dos trabalhadores afetados; idosos e crianças são particularmente suscetíveis aos problemas decorrentes do calor intenso. Muitos trabalhadores informais também enfrentam condições como hipertensão, diabetes e doenças renais ou cardíacas, que aumentam o risco de complicações relacionadas à temperatura elevada.

Pensando na proteção desses profissionais expostos ao sol por longos períodos, Sousa recomenda que busquem áreas cobertas e ventiladas, utilizem chapéus constantemente e saibam reconhecer quando é necessário interromper suas atividades para buscar ajuda. “O acesso ao socorro e à assistência deve ser intensificado pelo poder público durante esses períodos críticos”, afirma.

Por fim, a pesquisadora sugere manter o corpo fresco utilizando água ou toalhas molhadas. Contudo, ela ressalta que essas medidas não devem ser limitadas ao verão: “Faltam ações concretas e não podemos esperar até o próximo verão para agir. Precisamos de planejamento e revisões contínuas para lidar com períodos quentes inesperados”.

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  • Data: 04/03/2025 10:03
  • Alterado:04/03/2025 10:03
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