Preço alto do café afeta a popularidade de Lula no Brasil

Consumidores tem demonstrado insatisfação com a alta dos preços do café.

  • Data: 23/02/2025 13:02
  • Alterado: 23/02/2025 13:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Assessoria
Preço alto do café afeta a popularidade de Lula no Brasil

Crédito:Reprodução

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O aumento significativo nos preços do café tem gerado descontentamento em várias camadas da população brasileira, especialmente à medida que os custos dos alimentos continuam a subir em um dos maiores produtores de café do mundo. O impacto dessa situação está refletido na queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).

No coração da megacidade de São Paulo, Claudio, um motorista de 49 anos, expressou sua indignação ao ver o preço de R$ 145 (aproximadamente US$ 25) por um quilo de café. “Eu culpo o governo”, disse ele, enfatizando que produtos básicos não deveriam ter valores tão elevados.

A alta nos preços do café não é uma particularidade nacional; fenômenos climáticos extremos, atribuídos às mudanças climáticas, têm afetado o mercado global. No entanto, o aumento de quase 40% registrado no último ano no Brasil se tornou um símbolo de um descontentamento mais amplo relacionado à inflação dos alimentos e bebidas, fatores que influenciam negativamente as avaliações do presidente Lula.

O descontentamento social se reflete até mesmo nas redes sociais, onde vídeos virais no TikTok abordam com humor a prática de esconder a garrafa de café ao receber visitas, um costume tradicional entre os brasileiros.

Dados recentes indicam que o consumo médio de café no Brasil caiu 2,2% nos últimos doze meses, segundo informações de uma associação do setor. Esta questão mais abrangente levanta dúvidas sobre as perspectivas de reeleição de Lula em 2026. Uma pesquisa realizada pela Quaest revelou que pela primeira vez desde seu retorno ao cargo em 2023, mais brasileiros desaprovam seu governo do que aprovam.

Felipe Nunes, diretor da Quaest, observou: “O aumento acentuado dos preços dos alimentos está levando os eleitores a perceberem que suas rendas não estão acompanhando a inflação. Esse sentimento se tornou generalizado.” Essa situação é particularmente delicada para Lula, que durante sua campanha prometeu melhorias nas condições de vida da população.

A cesta básica apresentou um aumento médio de 14,2% no último ano, com cortes de carne bovina registrando um crescimento ainda mais alarmante de 25%. Esses dados foram fornecidos pela associação de supermercados do Brasil e corroborados por estatísticas oficiais que apontam uma inflação geral de alimentos e bebidas em 7,7%.

Zeca Dirceu, deputado pelo PT, destacou que “todo governo enfrenta desafios nesta fase” e insistiu que os números econômicos ainda são favoráveis ao presidente. Segundo ele, “as fake news estão prejudicando a imagem pública de Lula”. A despeito disso, a popularidade do presidente enfrenta desafios substanciais.

Lula já foi responsável por políticas que reduziram a pobreza por meio do aumento dos pagamentos assistenciais durante seus primeiros mandatos entre 2003 e 2011. Ele busca novamente melhorar os padrões de vida da população e expandir o Estado.

Com um crescimento robusto do PIB projetado em 2,9% para 2023 e uma taxa de desemprego na menor marca desde 2012, a administração atual ainda enfrenta ceticismo por parte dos eleitores. Nunes complementou: “A experiência recente mostra que não basta melhorar os índices econômicos gerais; a população não se alimenta apenas de PIB”.

A última pesquisa Datafolha revelou uma taxa de aprovação de apenas 24% para o governo Lula — o nível mais baixo em qualquer um de seus mandatos. A insatisfação é especialmente forte entre grupos vulneráveis como aqueles com renda mais baixa.

Cientistas políticos compararam a situação atual com a do ex-presidente dos EUA Joe Biden, cujas avaliações também sofreram devido ao aumento do custo de vida.

Ainda assim, apoiadores do presidente apontam que o aumento anual dos preços ao consumidor foi inferior ao período crítico sob Bolsonaro e distante das taxas inflacionárias extremas enfrentadas pelo Brasil no passado. No entanto, economistas alertam para uma possível nova onda inflacionária em 2025 e destacam preocupações sobre gastos excessivos do governo como fatores críticos.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tentou acalmar as inquietações sobre a inflação elevada ao afirmar que uma taxa entre 4% e 5% seria “relativamente normal” e destacou uma recente valorização da moeda como fator estabilizador.

Fernanda Guardado, economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, destacou: “Para que a inflação diminua, é necessário um desaceleramento considerável no ritmo de crescimento econômico”. Ela sugere cortes nos gastos públicos como uma medida necessária para controlar a inflação.

Em resposta às dificuldades econômicas enfrentadas pela população, o Banco Central aumentou as taxas de juros para 13,25%. Sinais iniciais indicam uma desaceleração econômica iminente.

Econômicos do UBS emitiram alerta sobre a possibilidade de estagflação no país — uma combinação preocupante entre crescimento estagnado e inflação persistente. Além disso, Lula foi criticado por sugerir boicotes aos produtos caros nos supermercados como solução para os altos preços. O deputado Nikolas Ferreira usou as redes sociais para zombar da proposta: “Se você está com fome, simplesmente não coma”, referindo-se ironicamente à proposta presidencial.

Para reverter sua popularidade em queda, o governo federal está implementando medidas como isenções fiscais para os mais pobres e distribuição gratuita de gás de cozinha e medicamentos. Enquanto isso, brasileiros como Adilson, um aposentado de 70 anos em dificuldades financeiras, relataram mudanças em seus hábitos alimentares buscando misturas mais baratas para seu café: “Para quem vive com salário mínimo, isso simplesmente não é acessível”, concluiu.

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  • Data: 23/02/2025 01:02
  • Alterado:23/02/2025 13:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Assessoria









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