Unicef: 1,17 milhão de crianças no Brasil sofrem com interrupção escolar por clima

Mais de 1,17 milhão de estudantes brasileiros enfrentam interrupções escolares por crises climáticas; relatório do Unicef alerta para a emergência educacional.

  • Data: 24/01/2025 00:01
  • Alterado: 24/01/2025 00:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Unicef: 1,17 milhão de crianças no Brasil sofrem com interrupção escolar por clima

Asian woman use the umbrella while it rains She is walking across the street. And use the phone

Crédito:freepik

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Um novo relatório divulgado pelo Unicef, intitulado “Aprendizagem Interrompida: Um Retrato Global das Perturbações Escolares Relacionadas ao Clima”, revela que mais de 242 milhões de crianças e adolescentes em 85 países tiveram suas atividades escolares interrompidas devido a eventos climáticos extremos ao longo de 2024. No Brasil, esse número ultrapassa 1,17 milhão.

A publicação foi apresentada em uma data significativa, coincidente com a celebração do Dia da Educação, marcando a primeira análise abrangente do impacto das mudanças climáticas no fechamento de escolas e na interrupção das aulas por parte do órgão da ONU.

Entre os principais achados do estudo, as enchentes se destacam como a principal causa da suspensão das atividades letivas no Brasil. As severas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio do ano passado resultaram na paralisação das aulas para mais de 740 mil alunos, afetando 2.338 escolas estaduais.

Além disso, o relatório enfatiza a crise de seca na Amazônia, que resultou no fechamento prolongado de mais de 100 escolas em áreas indígenas e 1.600 outras fora dessas regiões, afetando aproximadamente 436 mil estudantes.

No panorama global, as ondas de calor emergem como o principal risco climático responsável pelo fechamento das instituições educacionais. Somente em abril do ano anterior, as altas temperaturas impactaram mais de 118 milhões de alunos.

Durante esse período crítico, registros indicaram que algumas áreas do sul da Ásia enfrentaram temperaturas extremas que alcançaram até 47°C. Esse cenário forçou países como Bangladesh e Filipinas a fechar escolas em larga escala e levou o Camboja a reduzir o horário escolar em duas horas.

Catherine Russell, diretora executiva do Unicef, destacou a vulnerabilidade das crianças às condições climáticas adversas: “Os corpos das crianças são particularmente suscetíveis. Eles se aquecem mais rapidamente, têm menor eficiência na transpiração e demoram mais para esfriar quando comparados aos adultos. As crianças encontram dificuldades para se concentrar em salas de aula expostas ao calor extremo e também enfrentam obstáculos para chegar à escola se os caminhos estiverem alagados ou se as instituições estiverem danificadas”.

De acordo com análises realizadas por economistas do Banco Mundial, o aumento da frequência de dias quentes pode comprometer ainda mais o rendimento escolar das crianças brasileiras. Estudos prévios já demonstraram que temperaturas elevadas prejudicam a aprendizagem ao afetar aspectos fundamentais como concentração, memória e saúde física e mental dos alunos. Em setembro, um relatório anterior do Unicef indicou que os jovens brasileiros enfrentam atualmente cinco vezes mais dias de calor extremo do que as gerações passadas há meio século.

O Unicef projeta que entre 2050 e 2059 essa situação se tornará ainda mais alarmante, com um aumento previsto de oito vezes no número de crianças expostas a ondas de calor e três vezes mais propensas a enfrentar inundações fluviais quando comparadas à década de 2000.

Russell ressalta ainda que “a educação é um dos serviços frequentemente interrompidos pelos riscos climáticos. Entretanto, essa questão costuma ser negligenciada nas discussões políticas, apesar da sua importância crucial na preparação das crianças para enfrentar os desafios das mudanças climáticas”.

Embora os eventos climáticos extremos tenham gerado impactos educacionais em diversas regiões do planeta, o relatório indica que 74% dos estudantes afetados estão localizados em países com baixos índices de desempenho escolar, incluindo o Brasil.

O estudo conclui afirmando que os sistemas educacionais já enfrentavam sérias falhas antes da pandemia climática: “A escassez de professores qualificados, salas de aula superlotadas e desigualdades no acesso à educação têm contribuído para uma crise educacional há muito tempo existente, a qual está sendo agravada pelos riscos climáticos”.

Na Europa, chuvas intensas e inundações também foram responsáveis pela interrupção escolar. Em setembro passado, mais de 900 mil estudantes na Itália foram afetados por tempestades severas, enquanto em outubro cerca de 13 mil crianças enfrentaram consequências semelhantes na Espanha.

O projeto “Excluídos do Clima” é uma colaboração entre o Unicef e a Fundação Ford.

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  • Data: 24/01/2025 12:01
  • Alterado:24/01/2025 00:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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