Verme que causa meningite é encontrado em moluscos de 26 cidade do Rio

Prevenção depende principalmente de medidas de higiene

  • Data: 06/01/2025 17:01
  • Alterado: 06/01/2025 17:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Verme que causa meningite é encontrado em moluscos de 26 cidade do Rio

Crédito:Josué Damacena/Fiocruz/Divulgação

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Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram a presença de moluscos terrestres infectados pelo parasita Angiostrongylus cantonensis, associado ao desenvolvimento de meningite eosinofílica, em 26 municípios do estado do Rio de Janeiro. Este achado evidencia um potencial risco de transmissão da doença na região.

A pesquisa foi conduzida pelo Laboratório de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz, que atua como referência para o Ministério da Saúde em investigações sobre moluscos. Entre 2015 e 2019, foram coletados aproximadamente 2.600 espécimes em 46 municípios da Região Metropolitana e Centro Fluminense, dos quais 230 apresentaram infecção, representando cerca de 9% do total.

De acordo com a chefe do laboratório, Silvana Thiengo, “os dados revelam um cenário epidemiológico preocupante em relação à meningite eosinofílica, especialmente considerando a alta densidade populacional de algumas espécies de moluscos e a ampla disseminação do parasita”. A análise dos hospedeiros infectados é fundamental para fortalecer as estratégias de vigilância e possibilitar a detecção precoce da doença nos serviços de saúde locais.

Os moluscos foram coletados manualmente em diversos ambientes, como terrenos baldios, praças e parques nos municípios estudados. Das 14 espécies identificadas, seis estavam infectadas pelo parasita responsável pela meningite eosinofílica. Destaca-se a espécie Achatina fulica, popularmente conhecida como caramujo gigante africano, que foi a mais prevalente entre os espécimes infectados.

A presença deste caramujo é particularmente alarmante, pois sua alta taxa de reprodução contribui para a disseminação do parasita no ambiente urbano, aumentando o risco de infecção humana em áreas densamente povoadas. Silvana acrescenta que “a proliferação dessa espécie representa um fator crítico para o controle da doença”.

Adicionalmente, a pesquisa documentou uma nova infecção ao encontrar caracóis da espécie L. unilamellata portando o verme pela primeira vez. Segundo Suzete Rodrigues Gomes, chefe adjunta do Laboratório de Malacologia, “todas essas espécies são amplamente distribuídas em áreas urbanas brasileiras e podem ser facilmente encontradas em pátios, hortas e terrenos abandonados”, onde coexistem com roedores urbanos que atuam como hospedeiros definitivos do parasita.

Sobre a doença, A. cantonensis utiliza os moluscos como hospedeiros intermediários antes de se estabelecer definitivamente em roedores. A infecção humana pode ocorrer acidentalmente através do consumo de moluscos contaminados ou por contato com o muco liberado por eles contendo larvas.

Após a introdução no organismo humano, o parasita pode causar inflamação nas meninges – as membranas que envolvem o sistema nervoso central. Os sintomas mais comuns incluem dores de cabeça intensas, rigidez na nuca, febre e distúrbios visuais. Embora muitos pacientes se recuperem espontaneamente, há casos em que a condição pode se agravar e resultar em óbito.

Recentemente, em abril de 2024, um caso fatal de meningite eosinofílica foi registrado na cidade de Nova Iguaçu, onde também foram encontrados caramujos infectados nas proximidades. Historicamente, aproximadamente 40 casos da doença foram confirmados no Brasil, com mais de cem suspeitas relatadas nos estados do Amapá, Espírito Santo, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo.

A prevenção contra a infecção depende principalmente da adoção rigorosa de medidas higiênicas e do controle da população dos moluscos. É recomendado evitar o consumo de moluscos de origem desconhecida e sempre utilizar luvas ao manusear esses animais durante atividades como jardinagem.

Além disso, vegetais devem ser cuidadosamente higienizados antes do consumo; recomenda-se deixá-los submersos por 30 minutos em uma solução composta por uma colher de sopa de água sanitária para cada litro d’água e enxaguá-los bem após esse período. As autoridades sanitárias também orientam o extermínio do caramujo gigante africano utilizando água fervente ou soluções salinas e que as conchas sejam devidamente descartadas.

Por fim, os pesquisadores enfatizam a necessidade das prefeituras intensificarem as ações de coleta e análise dos moluscos, assim como promover campanhas educativas sobre saúde pública para informar a população sobre os riscos associados à infecção e as práticas preventivas necessárias.

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  • Data: 06/01/2025 05:01
  • Alterado:06/01/2025 17:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil









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