Dólar alcança novo recorde e desvalorização do real preocupa investidores

Dólar atinge R$ 6,26 e se torna a moeda mais valorizada do mundo

  • Data: 19/12/2024 08:12
  • Alterado: 19/12/2024 08:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Folha de SP
Dólar alcança novo recorde e desvalorização do real preocupa investidores

Crédito:Reprodução

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Na quarta-feira, 18 de dezembro, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 6,26, estabelecendo um novo recorde histórico. Este é o segundo dia consecutivo em que a moeda americana supera a marca de R$ 6,20. Na terça-feira anterior, embora tenha caído para R$ 6,09 após atingir um pico, ainda assim registrou um fechamento inédito.

A recente valorização do dólar no Brasil, que ultrapassou os R$ 6,00, fez com que o real se tornasse a moeda que mais se desvalorizou globalmente entre as principais moedas no início de 2024. Esse fenômeno ocorre em um contexto onde diversas moedas enfrentam uma forte desvalorização em relação ao dólar americano.

Desde o começo do ano, o real caiu cerca de 21%, passando de R$ 4,85 em 1º de janeiro para R$ 6,12 na manhã de quarta-feira. Além do real, outras quatro moedas também registraram desvalorizações significativas: o peso mexicano (16%), a lira turca (16%), o rublo russo (15%) e o won sul-coreano (10%). Em contraste, apenas três das 20 principais moedas globais não se desvalorizaram em relação ao dólar americano.

O aumento do valor do dólar é um fenômeno global. Após a pandemia, o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) aumentou as taxas de juros para conter a inflação gerada por crises internacionais e desajustes nas cadeias produtivas. Essa elevação nas taxas atraiu investimentos internacionais para títulos da dívida pública americana, criando uma maior demanda por dólares e resultando na desvalorização de outras moedas.

As moedas emergentes são as mais afetadas por esse movimento. Esperava-se que em 2024 os cortes nas taxas de juros nos EUA pudessem reverter essa tendência; no entanto, a inflação nos Estados Unidos permaneceu elevada e a economia continuou a crescer, atrasando os cortes esperados nas taxas de juros.

A situação foi exacerbada pelas recentes eleições americanas, onde Donald Trump derrotou Kamala Harris. Especialistas afirmam que sua agenda pode levar a uma inflação crescente nos EUA e impedir cortes mais significativos nas taxas de juros. “A desvalorização do real é consequência da instabilidade política e econômica global”, comentou Álvaro Frasson, estrategista macro do BTG Pactual.

No Brasil, a desvalorização do real é preocupante e se acentuou após o governo Lula anunciar um novo pacote fiscal em novembro. Entre os dias 7 de novembro e 18 de dezembro, a moeda brasileira perdeu 7,3% de seu valor frente ao dólar. A inflação brasileira também está acima da meta estabelecida pelo governo e pode continuar a subir nos próximos meses devido à combinação de fatores como crescimento econômico e baixos índices de desemprego.

As autoridades monetárias brasileiras estão atentas ao risco inflacionário e recentemente elevaram a taxa Selic para 12,25% ao ano. Embora altas taxas possam atrair investidores, há receios de que a inflação crescente neutralize esses ganhos.

Para o futuro próximo, existe uma incerteza sobre como o dólar se comportará em relação ao real. O novo governo americano tem interesse em um dólar mais fraco para impulsionar suas exportações. Contudo, as políticas econômicas propostas por Trump podem resultar em um fortalecimento da moeda americana.

A expectativa entre analistas é que o dólar continue valorizado ao longo dos próximos anos. Pesquisas apontam que as previsões para a cotação do dólar no Brasil são de queda gradual — projetando valores como R$ 5,85 até o final de 2025 — mas essa tendência pode ser revista conforme as condições econômicas mudem.

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  • Data: 19/12/2024 08:12
  • Alterado:19/12/2024 08:12
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