Orhan Pamuk revela mundo multifacetado em Noites de Peste
Política e Historiografia Revolucionam a Narrativa Literária do Século XX.
- Data: 08/12/2024 16:12
- Alterado: 08/12/2024 16:12
- Autor: redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Reprodução
Noites de Peste, o novo romance de Orhan Pamuk, laureado com o Nobel de Literatura em 2006, é uma obra literária multifacetada que combina diversos gêneros. Ambientado no crepúsculo do Império Otomano, especificamente no início do século XX, o livro se destaca por seu estilo leve e humorístico, embora por vezes não completamente envolvente. A narrativa se desdobra através de um complexo cenário histórico que aborda a formação da identidade nacional turca e as tensões étnicas, evitando a menção explícita ao genocídio armênio.
A história principal pode ser lida como um conto de fadas sobre uma princesa otomana exilada, que se comunica incessantemente com sua irmã enquanto governa e sonha com sua pátria adotiva, a fictícia ilha de Mingheria. Paralelamente, há um enredo policial que envolve o assassinato de um médico enviado para combater a peste na ilha, oferecendo um comentário alegórico sobre as políticas sanitárias e as relações entre diferentes etnias e religiões.
Pamuk também emprega uma abordagem metalinguística e intertextual, utilizando “O Conde de Monte Cristo” como chave para desvendar os mistérios do enredo. Este romance também permite uma leitura auto ficcional, refletindo as dificuldades enfrentadas por autores turcos contemporâneos sob regimes militaristas.
Duas questões centrais emergem da obra: a primeira discute concepções de justiça — entre métodos racionais à la Sherlock Holmes e confissões obtidas sob coerção; a segunda investiga a interseção entre ficção e historiografia. Como Pamuk sugere desde o início, “Noites de Peste” é tanto um romance histórico quanto uma história apresentada em forma literária. Assim, ele propõe que a literatura tem potencial para ser uma historiadora mais eficaz do que a própria historiografia tradicional.