Cerca de 44 mil crianças ficam órfãs anualmente no Brasil desde 2021
A pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo neste cenário
- Data: 29/11/2024 11:11
- Alterado: 29/11/2024 11:11
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Crédito:Arquivo/Agência Brasil
Dados recentes, divulgados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), revelam uma estatística preocupante: desde 2021, aproximadamente 43,9 mil crianças e adolescentes brasileiros, com idade até 17 anos, tornam-se órfãos de ao menos um dos pais anualmente. A compilação destes dados tornou-se viável apenas agora, graças à inclusão obrigatória do CPF dos pais nos registros de nascimento a partir da metade de 2019.
O presidente da Arpen, Gustavo Renato Fiscarelli, destaca que este levantamento oferece um panorama essencial sobre uma realidade antes pouco visível na sociedade brasileira. Compreender a dimensão deste fenômeno é crucial para o desenvolvimento de políticas públicas que atendam às necessidades dessa população vulnerável.
Os números revelados pela Arpen indicam uma variação ao longo dos anos: em 2021 foram registrados 41.147 órfãos; em 2022, 39.411; e em 2023, o número aumentou para 47.813. Em 2024, até outubro, já são 47.443 crianças e adolescentes nessa condição. Quando se consideram aqueles que perderam ambos os pais, os números são mais baixos: 790 em 2021; 771 em 2022; e 859 em 2023, com um registro parcial de 761 em 2024.
A pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo neste cenário. Desde o início da crise sanitária, a doença resultou em mais de 13 mil crianças órfãs de pelo menos um dos pais no Brasil. Quando doenças relacionadas são incluídas, esse número sobe para cerca de 23.612. Além disso, o levantamento aponta que ao menos 188 crianças perderam ambos os pais devido à Covid-19.
Casos como o do taxista Inácio dos Santos e do comerciante João Parreira ilustram as histórias por trás dos números. Ambos faleceram em decorrência da Covid-19, deixando um legado de força e superação para suas famílias e comunidades. Inácio era uma figura paterna presente e afetuosa para seus filhos e netos, enquanto João liderava um projeto social que transformava a vida de crianças no Jardim Peri, em São Paulo.
A psicóloga Maria Helena Franco salienta que o luto é um processo individual e complexo, especialmente para crianças que enfrentam a perda de um progenitor. A segurança emocional proporcionada por uma rotina estável e por redes de apoio é fundamental para ajudar na adaptação à nova realidade.
Este estudo traz à tona a importância do apoio contínuo a essas famílias enlutadas, ressaltando a necessidade de políticas públicas eficazes que ofereçam suporte adequado às crianças órfãs no Brasil.