Chega ao fim período do Setembro Amarelo com alta nas pesquisas por ‘burnout’ e sintomas
Crescimento nas buscas e casos da síndrome de burnout revelam urgência em debater a saúde mental no ambiente de trabalho
- Data: 01/10/2024 10:10
- Alterado: 01/10/2024 10:10
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
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As buscas online sobre a síndrome do burnout estão 37% mais altas em 2024 do que em 2023, de acordo com um levantamento da Medprev sobre Burnout, que analisou o período entre os meses de janeiro e julho.
Segundo dados do Google Trends, plataforma que analisa tendências do Google, o burnout acumulou mais pesquisas nos dois últimos anos do que em toda a série histórica, com início em 2004. Distrito Federal, São Paulo e Acre são os estados mais interessados.
O aumento de buscas é compatível com a alta de diagnósticos e licenças de trabalho por esgotamento. Apenas em 2023, o Instituto Nacional do Seguro Nacional (INSS) registrou 421 afastamentos por conta de burnout, o maior número da década.
O crescimento de quadros da síndrome do burnout é um alerta para que a condição seja observada com mais cuidado, ainda mais durante o Setembro Amarelo, mês que reforça a conscientização da saúde mental e prevenção ao suicídio.
Por que o interesse e os casos de burnout aumentaram?
Antes mesmo da pandemia, em 2019, já foram registrados 178 casos de burnout, mas a explosão aconteceu a partir da crise sanitária causada pela covid-19. Em 2023, 421 pacientes foram diagnosticados oficialmente com a síndrome. A alta é de 136%.
Neste meio tempo, em 2022, o CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) reconheceu o burnout como uma doença de trabalho, sob o código QD85.
Além das sequelas da pandemia e da atenção por parte dos órgãos oficiais – o que estimula mais protocolos e pesquisas sobre o tema –, o mercado de trabalho também tem um papel ativo no boom de interesse e quadros de burnout.
A insatisfação sobre a vida profissional e o esgotamento aparentam estar conectados com o número elevado de demissões voluntárias. Em 2023, o Ministério do Trabalho identificou mais de 7 milhões de pedidos de desligamento por parte dos funcionários, o que representa uma média de 20 mil requisições por dia.
Sintomas mais pesquisados
Os sintomas de burnout mais procurados no Google em 2024, conforme o Google Trends, são cansaço extremo, dificuldade de concentração e insônia.
A exaustão é persistente até mesmo em pessoas que seguem uma rotina de sono aparentemente normal (mínima de oito horas por dia). Já os problemas para se concentrar tornam a vida profissional e pessoal mais complicada, seja em relação a tomada de decisões ou na realização de tarefas simples.
Causada pelo estresse, a insônia torna os dois sintomas anteriores ainda piores e também pode causar mudanças de humor, dores de cabeça, fraqueza e baixa imunidade. A médio e longo prazo, é capaz de aumentar os riscos de doenças cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes, perda de massa óssea e problemas mentais, como depressão, ansiedade e até mesmo demência.
Os outros sintomas são:
- Desmotivação
- Isolamento social
- Irritabilidade
- Sensação de fracasso
- Baixa autoestima
- Baixa produtividade
- Lapsos de memória
- Falta de apetite
- Rigidez e dor muscular
Diagnóstico precoce
Assim como em qualquer outra doença, diagnosticar a síndrome de burnout o quanto antes é importante para evitar o avanço dos sintomas e garantir mais chances de recuperação.
O diagnóstico oficial é feito por psicólogos e psiquiatras, mas é comum que o encaminhamento do paciente para esses profissionais seja feito por um clínico geral, que percebe os sinais do burnout.
Para melhorar a identificação dos quadros e os meios de tratamento, a Câmara dos Deputados aprovou a inclusão da síndrome no Sistema Único de Saúde (SUS), no começo de julho deste ano.
O texto prevê que os pacientes sejam acompanhados integralmente pela rede pública, incluindo avaliação médica, acompanhamento psicológico e medidas de capacitação para os profissionais de saúde. O projeto deve seguir para aprovação do Senado sem recurso do Plenário da Câmara.
Empresas e colaboradores podem prevenir o burnout
As empresas têm um papel fundamental no controle da síndrome de burnout. Flexibilização de horários, programas de bem-estar, avaliação da cultura de produtividade, monitoramento do estado psicológico e coleta de feedback dos colaboradores são algumas medidas que podem ser aplicadas no dia a dia corporativo.
Campanhas de conscientização, tanto para o corpo de funcionários quanto para os gestores, também são importantes. Mesmo que essas ações devam ser adotadas durante o ano todo, o apelo do Setembro Amarelo em relação à saúde mental é um bom momento para aprofundar as discussões sobre o assunto.
Em relação aos colaboradores, o primeiro passo é estabelecer limites claros entre vida pessoal e profissional. Desligar-se totalmente do trabalho após o expediente, reservar um tempo para descanso e lazer, praticar exercícios físicos e procurar ajuda – tanto da empresa quanto de profissionais médicos – também são medidas básicas e eficientes para evitar o burnout.