Suicídio é segunda principal causa de morte materna no pós-parto
Segundo psicóloga obstétrica, é preciso cuidar da saúde mental das mães no puerpério e setembro amarelo é oportunidade para dar luz ao tema
- Data: 26/09/2024 18:09
- Alterado: 26/09/2024 18:09
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Divulgação/Freepik
Neste mês de setembro, também conhecido como “Setembro Amarelo”, a prevenção ao suicídio ganha atenção. Entre os muitos focos relacionados ao tema, é preciso tratar das mulheres no pós-parto, já que, apesar da chegada de um filho ser um momento de grande emoção e alegria para boa parte das mulheres, ela também pode gerar mudanças profundas, inclusive relacionadas à saúde mental de quem se tornou mãe.
A depressão pós-parto é uma condição que reúne sentimentos de tristeza e falta de esperança e pode evoluir para quadros mais sérios se não for percebida e tratada. Estima-se que entre 10% a 20% das mulheres sofrem de depressão pós-parto em âmbito mundial e, no Brasil, algumas pesquisas mostram que a taxa pode chegar a 26%.
De acordo com Karla Cerávolo, psicóloga obstétrica e diretora da Organização De Umbiguinho a Umbigão e coordenadora do curso de pós graduação em psicologia perinatal e obstétrica do Instituto Suassuna, é de crucial importância que a mulher tenha apoio na fase inicial de um novo ciclo familiar. “A fase que se dá no pós-parto é de mudanças profundas e é necessário atenção à saúde mental e emocional da mulher. Esse é o papel da Psicologia Perinatal, que oferece suporte, orientação e intervenção quando necessário, contribuindo para um começo de vida mais saudável e emocionalmente equilibrado para ambos”, explica.
Segundo Karla, a depressão pós-parto não tratada pode levar a consequências mais sérias. “Não se fala muito sobre isso, mas o fato é que, depois das complicações relacionadas ao parto, o suicídio é a segunda principal causa de morte materna, um indicativo triste e que poderia ser evitado se houvesse mais foco à saúde mental das mulheres”, afirma.
A psicóloga obstétrica explica que a gravidez, o pós-parto e os primeiros 1000 dias após o nascimento são momentos de grande vulnerabilidade para as mães. “A Psicologia Perinatal ajuda a identificar e tratar problemas de saúde mental, como depressão pós-parto, baby blues e outros desafios emocionais que podem afetar negativamente a mãe e o bebê”, complementa.
Karla Cerávolo também alerta para a necessidade dos familiares e pessoas próximas estarem atentas aos principais sintomas que indicam que a mulher pode estar sofrendo de depressão pós-parto ou outros problemas relacionados à saúde mental. São eles:
- Fadiga extrema ou falta de energia, mesmo após o descanso
- Irritabilidade ou raiva desproporcional
- Dificuldade em criar vínculo ou se conectar emocionalmente com o bebê
- Alterações no sono, mesmo quando o bebê dorme
- Ansiedade intensa ou ataques de pânico
- Sentimentos de inutilidade ou culpa por não ser uma “boa mãe”
A psicóloga alerta que é preciso buscar ajuda caso a situação persista por muito tempo ou os sintomas forem muito intensos. “O pós-parto costuma ser muito romantizado e muitas mães, apesar de estarem sofrendo, nem sequer pensam em buscar algum tipo de ajuda, por isso precisamos normalizar a questão da saúde mental para que possamos ter indicadores mais positivos e famílias mais felizes”, finaliza Karla Cerávolo.
Sobre Karla Cerávolo
Psicóloga Obstétrica e diretora da Organização De Umbiguinho a Umbigão. É Coordenadora do curso de Pós Graduação em Psicologia Perinatal e Obstétrica do Instituto Suassuna. Autora do livro “O começo da Vida – o papel do psicólogo perinatal no parto”, organizadora do Livro Todo Parto Importa – Assistência Psicológica no Parto, colaboradora na sanção LEI UMBIGUINHO – que dispõe de Assistência Psicológica no Parto e Puerpério – em Goiânia e também idealizadora do Movimento Nacional Todo Parto Importa. Acesse instagram.com/karla.ceravolo.
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