Christian Chávez, do RBD, se lança no ativismo LGBT com curta biográfico
Cantor relembra incômodo ao assumir sua homossexualidade há quase 20 anos e comenta imbróglio da 'Soy Rebelde Tour'
- Data: 19/07/2024 13:07
- Alterado: 19/07/2024 13:07
- Autor: Redação
- Fonte: Vitoria Pereira/Folhapress
O cantor Christian Chávez
Crédito:Divulgação/Sergio Valenzuela
Na esteira do sucesso da “Soy Rebelde Tour” do ano passado, quando o RBD voltou aos holofotes ao invocar a criança interior de milhares de fãs pela América do Sul, Christian Chávez quer avançar num terreno que o inquietou há 17 anos.
Agora com um documentário autobiográfico que o retrata na luta pelos direitos da população LGBTQIA+, o intérprete de Giovanni na novela mexicana lembra que foi forçado a assumir a homossexualidade em 2007, após terem sido vazadas fotos do cantor trocando alianças de casamento com outro homem. “Foi roubada essa oportunidade de me amar, de me respeitar e de sair do armário e dizer ‘sou eu, isso é o que eu sou’. A imprensa tirou de mim essa oportunidade”, diz.
O cantor também está envolvido em outro processo de reivindicação de direitos, relacionado aos shows do RBD, que fez oito espetáculos esgotados no Brasil em novembro do ano passado. Em maio, o grupo denunciou, com documentos, um suposto rombo de quase US$ 1 milhão por parte da empresa T6H Entertainment, envolvida na produção dos shows. A companhia é comandada por Guillermo Rosas, ex-empresário do grupo.
“A verdade é que há problemas, há partes da contabilidade que não estão claras. Estamos lutando por justiça e pelo que é correto”, diz, negando dar mais detalhes.
O imbróglio causou uma rusga entre ele e Anahí, a Mia Colucci na novela Rebelde. Christian foi questionado pela imprensa mexicana, logo após uma temporada no Brasil, sobre o suposto dinheiro roubado, que teria impulsionado a campanha do marido de Anahí, o senador mexicano Manuel Velasco.
“Não posso dizer nada sobre todas essas coisas, porque são fofocas. Olha, eu sei que é [um assunto] delicado. Mas por tudo isso, é melhor que as pessoas [adequadas] se encarreguem da parte legal, e nós fazemos o que sabemos, que é entreter o público”, respondeu à época.
Na ocasião, Anahí rebateu o companheiro de banda no X: “Não se trata apenas de fofoca. É absolutamente falso. [Foi uma] resposta pouco clara. Infelizmente, a memória vai se perdendo”.
“Acho que as pessoas romantizam os grupos”, diz Christian agora. “Elas acham que estamos o dia inteiro juntos, vamos a todos os lugares juntos. Não é assim. Mas, obviamente, há amor e muito respeito. A gente está bem agora. Tudo está bem”, diz.
Ele também não descarta uma possível volta do grupo, mas pondera que precisa ser algo que aconteça de forma natural. “Todos nós estamos torcendo para que isso aconteça, mas primeiro precisamos ver o que aconteceu no ano passado para poder seguir.”
Enquanto essas águas turbulentas não passam, ele expõe sua jornada de autoaceitação ao longo da carreira no documentário, intitulado “Puto”.
“Foi uma palavra que ficou comigo toda a minha vida e levou pedaços de mim. É a última palavra que muitas pessoas que morrem em crimes de ódio escutam. Era muito importante mostrar como ressignificar as palavras podem tirar a força delas, porque, no final, é só uma palavra”, afirma.
Ainda em julho, ele participa da Conferência Internacional de Aids em Munique, na Alemanha, que acontece de 22 a 26 de julho, numa mesa sobre o combate à homofobia e sobre o tratamento a pessoas com HIV.
Antes mesmo do vazamento em 2007, já se especulava sobre a homossexualidade do personagem de Christian, mas o medo de perder trabalhos o refreava de se assumir. “Não falávamos sobre sexualidade, especialmente porque comecei fazendo novelas, e, obviamente, nesse mundo, você não podia falar sobre isso, senão ficava sem nada”.
Na turnê do ano passado, porém, ele encontrou um mundo diferente daquela de mais de uma década atrás. “Tive a oportunidade de me reconectar com aquele menino a quem muitas coisas foram negadas, a quem foi negada a oportunidade de falar sobre sua sexualidade”, diz Christian.
Nos shows, ele abusou de figurinos com muito brilho e corpo à mostra e, em seu solo, representou a cultura mexicana com vestes similares a de um mariachi com um traje rosa com detalhes dourados.
Ele, que já morou no Brasil, vai voltar ao país em julho para o evento Imagineland em João Pessoa e será headliner do Festival Aceita, em Belém do Pará em agosto – será o primeiro show solo do cantor após a turnê com a banda.