Barreiras culturais contribuem para maior taxa de suicídio e doenças não transmissíveis entre os homens
Apesar do alerta, Brasil conseguiu aumentar atendimentos individuais a pessoas do sexo masculino. Conheça as ações da Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem (PNAISH)
- Data: 16/07/2024 15:07
- Alterado: 16/07/2024 15:07
- Autor: Redação
- Fonte: Ministério da Saúde
Crédito:Julia Prado/MS
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as expectativas sociais em relação aos homens — de serem provedores de suas famílias; terem condutas de risco; serem sexualmente dominantes; evitarem discutir suas emoções ou procurar ajuda — estão contribuindo para maiores taxas de suicídio, homicídio, vícios e acidentes de trânsito, bem como para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. O relatório “Masculinidades e saúde na região das Américas”, produzido pela agência, destaca que modos tradicionais de ser homem entendem as práticas de cuidado e de busca por ajuda como símbolos de fragilidade e fraqueza, o que induz os homens a procurarem menos os serviços de saúde.
Nesta segunda-feira (15), Dia Nacional do Homem, o Ministério da Saúde reforça a importância da Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem (PNAISH). A política tem sido fortalecida buscando enfatizar a necessidade de mudar a percepção da população masculina em relação ao cuidado com a saúde e daqueles que fazem parte de seu círculo. O foco está em derrubar o aspecto cultural que distancia os homens das práticas de cuidado e autocuidado.
Apesar disso, no Brasil, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) constatou um dado positivo: em 2023, foram realizados 119,4 milhões de atendimentos individuais a pessoas do sexo masculino na atenção primária. Isso representa 33,5% do total de atendimentos individuais registrados no período. Os mais de 119 milhões de atendimentos representam um aumento de 24,5% do total de atendimentos realizados em 2022. Em relação às consultas de pré-natal do parceiro registradas no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), foi registrada a ampliação de 22,4% no número de consultas realizadas entre 2022 e 2023. Em 2023, foram registradas 69.688 consultas de pré-natal do parceiro em 1.671 municípios.
Pioneirismo na América Latina
De acordo com o coordenador de Atenção à Saúde do Homem, Celmário Brandão, os dados esperançosos refletem investimentos importantes do Ministério da Saúde, como o realizado no credenciamento de novas equipes de Saúde da Família e ampliação do programa Mais Médicos. “Também resultam do fato de que o Brasil é o único país da América Latina com uma política de saúde específica para a população masculina: a PNAISH”, diz.
Estão no foco desta política:
- Acesso e acolhimento;
- Saúde sexual e saúde reprodutiva;
- Paternidade e cuidado;
- Doenças prevalentes na população masculina;
- Prevenção de violências e acidentes.
Na esteira de projetos para a saúde do homem, o ministério firmou com o Instituto Promundo um Acordo de Cooperação Técnica para a formação de 15 mil profissionais de saúde, em todo o território nacional, nas temáticas de paternidade e masculinidades.
O objetivo é munir os trabalhadores da saúde com informações para uma abordagem que incentive o envolvimento dos homens no exercício da paternidade, problematização dos padrões de masculinidades, prevenção de violência e promoção da equidade de gênero. Desde o início de 2024, as ações do acordo de cooperação técnica junto ao instituto qualificaram mais de 1,8 mil profissionais.
Expectativa de vida cresce, mas está abaixo das mulheres
Apesar do aumento da expectativa de vida, os homens ainda vivem 7 anos a menos que as mulheres. A OMS alerta que 1 a cada 5 homens nas américas não chegará aos 50 anos de idade. Isso devido a comportamentos de risco à saúde relacionados diretamente com o exercício de modelos tradicionais de masculinidade.
Além disso, os homens apresentam maior risco de morte do que as mulheres por doenças crônicas não-transmissíveis, principalmente para doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas, com 40% a 50% mais risco de morrer por uma dessas doenças.
Celmário Brandão explica que há uma questão cultural atrelada ao fato de os homens quererem se cuidar menos. “Os homens são educados a esconder vulnerabilidades ou fragilidades. Por isso, a política de saúde do homem busca repensar como os modos tradicionais lidam com a saúde e com a prevenção do adoecimento, convidando os homens a cuidarem de si e dos outros e buscarem ajuda profissional antes de adoecerem”, diz o coordenador.
Saiba mais sobre as ações sobre saúde do homem