Familiares realizam 63° ato por justiça e em memória das 272 de vítimas de Brumadinho
Passados 5 anos do colapso, até hoje ninguém foi responsabilizado. Três vítimas ainda não foram localizadas
- Data: 26/06/2024 15:06
- Alterado: 26/06/2024 15:06
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Ato de 5 anos e 5 meses do colapso da barragem da Vale em Brumadinho
Crédito:AVABRUM
No início da tarde de ontem, (25/06), dia em que se completou 5 anos e 5 meses do colapso da barragem da Vale em Brumadinho, a AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão Brumadinho) realizou o 63° ato por justiça, encontro de Tiago Silva, Maria Bueno e Nathália Araújo, três vítimas ainda não localizadas, memória, direito dos familiares e não repetição do crime. Sem interrupção, ação acontece desde março de 2019, mensalmente, todo dia 25, em frente ao letreiro de Brumadinho. Até hoje já se passaram 1.978 dias e ninguém foi responsabilizado.
Em um tom de fé, conforto, indignação e esperança, a solenidade contou com apresentação musical da dupla Hugo e Cristiano, da cidade de Mário Campos, e chamada dos 272 nomes das vítimas da tragédia-crime e, para cada um nome, o grito de “presente”. Às 12h28, horário em que a barragem rompeu no dia 25 de janeiro de 2019, os familiares deram as mãos e fizeram um minuto de silêncio. Na sequência soltaram 272 balões em homenagem às vítimas: 269 balões verdes, representaram as vítimas identificadas e 3, na cor branca, simbolizaram os não encontrados.
A cerimônia contou com a participação especial de cerca de 90 alunos, do 5° e 6° ano, da Escola Municipal Paulo Monteiro Manuel Saturnino, de Betim, que estão trabalhando o tema sustentabilidade, e os impactos do crime da Vale em Brumadinho e região. Os estudantes conheceram o Córrego do Feijão e participaram do ato, onde recitaram um poema sobre os efeitos da tragédia-crime.
Colapso ambiental
No mês do meio ambiente, a AVABRUM também alertou sobre os danos causados pelos rompimentos das barragens em Brumadinho e Mariana, e com dados da pesquisa “Gestão ambiental, impactos socioambientais do rompimento de barragens de rejeitos de mineração no Estado de Minas Gerais”, da Universidade Rural do Rio de Janeiro. O estudo apontou impactos no meio físico, biológico e socioeconômico. Entre eles, a contaminação da água, a morte de várias espécies de animais, a destruição de paisagens, a redução de fertilidade do solo, o abalo na saúde física e mental das pessoas, entre outros.
Justiça
No encerramento, Maria Regina, mãe de Priscila Elen, de 29 anos, que trabalhava na Vale como técnica em manutenção, falou sobre a apresentação do recurso da AVABRUM ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a suspensão do prazo para defesa de Makoto Namba, André Jum Yassuda e Marlísio Oliveira Cecílio Júnior, engenheiros da empresa alemã TÜV SÜD. Eles são acusados pelas mortes no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. A decisão do STJ estendeu o benefício para todos os réus. Na prática, o processo criminal está paralisado até nova decisão do STJ, que não tem data para acontecer. Com o recurso, a AVABRUM busca apressar a resolução desse impasse estabelecido com a decisão do Tribunal.
“Os fatos em Brumadinho foram frutos de negligência e decisões erradas tomadas conscientemente por pessoas que as investigações já revelaram quem são. Por isso, apelamos para que os membros do judiciário tenham sensibilidade para julgar com dever histórico de responsabilizar os culpados. Se permanecer a impunidade, outras tragédias-crimes anunciadas, infelizmente, vão se tornar realidade”, disse a mãe de Priscila, que também clamou por celeridade ao recurso do Ministério Público Federal (MPF) contra decisão que retirou o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, do processo criminal.