Junho Violeta alerta para violência contra idosos

Equipamentos da rede municipal de saúde contam com Núcleos de Prevenção à Violência

  • Data: 17/06/2024 09:06
  • Alterado: 17/06/2024 09:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: Prefeitura de São Paulo
Junho Violeta alerta para violência contra idosos

Idoso

Crédito:Rafa Neddermeyer - Agência Brasil

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Todos os equipamentos da rede municipal de saúde contam com Núcleos de Prevenção à Violência e grupos que promovem o empoderamento dos idosos. Os profissionais que atuam nos Núcleos de Prevenção à Violência (NPVs) das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) já reconhecem os sinais de violência nos vários públicos que atendem. Uns são mais explícitos, como no caso da violência física, e outros são mais difíceis de detectar. Dentre os públicos mais vulneráveis estão mulheres, crianças e idosos. No caso destes últimos, a perda de autonomia e o isolamento social, entre outros fatores, fazem com que estejam entre os mais vulneráveis. No calendário da saúde, é justamente da prevenção à violência contra o idoso que o mês Junho Violeta trata.

A UBS Jardim Maracá, localizada na região do Capão Redondo, na Zona Sul da capital, possui, como todos os equipamentos de saúde da capital, um NPV constituído e ativo. Nesta unidade, que atende uma população de mais de 25 mil pessoas e possui oito equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) atuando no território, ao longo de 2023 foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 38 casos de violência contra mulheres, 18 casos contra crianças, 16 contra homens e nove contra idosos. Vale assinalar que desde 2011, todos os tipos de violência são considerados agravos de notificação compulsória pelo MS.

Núcleos registram e encaminham casos de violência

A gerente da UBS Márcia Maria Paschoaleto e sua equipe de NPV relatam: “Normalmente esses casos não envolvem apenas abuso físico e sim outros tipos de violência, como negligência, violência psicológica, patrimonial e até medicamentosa, e a queixa ou denúncia geralmente não parte do idoso, e sim de terceiros que percebem a situação”. A gestora lembra ainda que no território da UBS casos de violência contra o idoso também envolvem familiares, o que contribui para o medo de denunciar ou mesmo a dificuldade para perceber a situação.

Dentro das UBSs, os NPVs são responsáveis por propor ações de prevenção, esclarecer sobre os tipos de notificação, notificar e encaminhar os casos de violência. Na UBS Jardim Maracá, o grupo é formado por uma equipe multiprofissional, com enfermeiro, psicóloga, ao menos um agente comunitário de saúde (ACS) de cada equipe ESF, um assistente social e a supervisora do Programa Acompanhante de Idosos (PAI).

Em reuniões semanais, o grupo discute os novos casos, monitora aqueles notificados anteriormente e o encaminhamento de todas as situações registradas a partir da UBS e as realizadas nos serviços do território. “É comum que pessoas e instituições da rede nos tragam esses casos, e a partir daí nós fazemos a notificação no Sinan e definimos uma abordagem, que pode envolver várias dimensões: junto à pessoa em situação de violência, junto à pessoa ou pessoas que cometem os abusos e encaminhando dos casos a outras instâncias, como o Conselho Municipal da Pessoa Idosa”, explica a coordenadora do PAI na unidade, Aparecida Araújo dos Santos.

Além de receber casos encaminhados pelo território, as UBSs também fazem um trabalho ativo no reconhecimento de sinais de violência, seja no público que busca a UBS ou por meio das equipes de ESF. “Muitas vezes são os ACSs que identificam os casos e trazem para discussão no NPV, onde definimos o caminho a seguir”, explica Delion Kleber, enfermeiro da UBS e membro do NPV. “Caso o núcleo identifique a suspeita de violência a um idoso, o próximo passo é propor estratégias para fortalecer o cuidado integral a esta pessoa e também ao seu cuidador, o que pode incluir o encaminhamento para grupos terapêuticos de atendimento e apoio”, salienta o enfermeiro.

A equipe enfatiza ainda a importância dos grupos voltados aos idosos dentro das UBSs. Só na UBS Jardim Maracá, eles contam com grupos de atividade física, de caminhada, de nutrição, de artesanato, grupos de estimulação cognitiva, terapia comunitária e até de luto, para os que passam por processos de perda.

“Os grupos possuem um papel muito importante no empoderamento desses idosos, porque combatem um dos principais fatores de vulnerabilidade, que é o isolamento social, na medida em que promovem uma intensa interação deles com os outros participantes e também com os profissionais do serviço de saúde, e então fica mais fácil para eles buscarem ajuda sempre que precisam”.

Diocene Alves Barbosa, 79, participa semanalmente dos grupos de tai chi chuan e de artesanato. “Depois que comecei a participar dos grupos eu estou me sentindo bem melhor. Adoro vir, porque todos me tratam bem, me cumprimentam, eu gosto de todo mundo e acho que todos gostam de mim; estou muito feliz’’, conta, entusiasmada. Vanuzia Gomes da Silva, de 81 anos, também está no grupo de artesanato. “Depois que parei de trabalhar eu fico muito em casa e para mim é muito importante participar do grupo, sair de casa e conversar com outras pessoas”.

Além dos grupos, a UBS também participa de eventos que tratam da temática de idosos, articulando essas ações nos equipamentos do território e com apoio de representantes da comunidade.

Saiba mais sobre os tipos de violência contra os idosos

Violência física: é o uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar dor, incapacidade ou morte.

Violência psicológica: corresponde a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, humilhar, restringir a liberdade ou isolar do convívio social.

Violência sexual: refere-se ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero relacional, utilizando pessoas idosas.

Abandono: é uma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção e assistência.

Negligência: refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A negligência se manifesta frequentemente associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais.

Violência financeira ou econômica: consiste na exploração imprópria ou ilegal ou ao uso não consentido pela pessoa idosa de seus recursos financeiros e patrimoniais.

Autonegligência: diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesma.

Violência medicamentosa: administração por familiares, cuidadores e profissionais, dos medicamentos prescritos de forma indevida, aumentando, diminuindo ou excluindo os medicamentos.

Violência emocional e social: refere-se à agressão verbal crônica, incluindo palavras depreciativas que possam desrespeitar a identidade, dignidade e autoestima. Caracteriza-se pela falta de respeito à intimidade e aos desejos da pessoa idosa, além de negação do acesso a amizades, desatenção a necessidades sociais e de saúde.

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  • Data: 17/06/2024 09:06
  • Alterado:17/06/2024 09:06
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