Moradores fazem protesto em Canoas (RS) após água voltar a subir
Enquanto a insatisfação dos atingidos pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul aumenta, as chuvas fortes dos últimos dias exigiram novas ações para resgatar moradores que haviam voltado para casa
- Data: 25/05/2024 12:05
- Alterado: 25/05/2024 12:05
- Autor: Redação
- Fonte: FELIPE PRESTES E CARLOS VILLELA - FOLHAPRESS
Rio Grande do Sul
Crédito:Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Moradores afetados pelas enchentes em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, protestaram nesta sexta-feira (24) em frente à prefeitura pedindo ações para o escoamento das águas após as chuvas que voltaram a atingir o sul do estado, causando novos alagamentos. O grupo também chegou a bloquear um trecho da rodovia BR-116 pela manhã.
Em nota, a Prefeitura de Canoas afirmou que “reconhece a legitimidade de todas as formas de manifestações pacíficas e segue trabalhando sem parar para solucionar e mitigar os transtornos causados pela enchente”.
Enquanto a insatisfação dos atingidos pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul aumenta, as chuvas fortes dos últimos dias exigiram novas ações para resgatar moradores que haviam voltado para casa.
No bairro Mathias Velho, o bombeiro civil Matheus Blech, do Paraná, contou que os resgates aumentaram com o retorno dos moradores às suas casas na quarta-feira (22), que depois foram surpreendidos pelas chuvas. “Algumas pessoas estão ilhadas, outras se recusando a sair”, disse. O frio também prejudicava os trabalhos na tarde desta sexta.
Bruno Marcel contou que foi buscar objetos em sua casa e acabou precisando de ajuda dos bombeiros e de voluntários. “A gente foi tentar salvar algumas coisas e estava voltando. Encontramos o pessoal que estava resgatando e voltamos de barco”, disse.
O retorno das chuvas também afetou a população do bairro Niterói. Moradores do bairro, José Fernandes e Lucia Teresinha dos Santos contaram que saíram de casa no dia 4 de maio e ficaram até o dia 16 em um abrigo na Ulbra (Universidade Luterana do Brasil). Com o bairro seco, voltaram para casa, mas já nesta quinta (23) tiveram que retornar ao abrigo.
Traumatizados, eles contaram que nem esperaram a água subir de novo. “A gente saiu antes, se apavorou”, disse Lúcia. “Eu já não quero voltar”, lamentou Fernandes, que mora no bairro há mais de 30 anos.
O nível do lago Guaíba voltou a ficar acima dos 4 metros nesta sexta, e a chuva que voltou a cair em Porto Alegre na quinta segue causando transtornos. O alagamento diminuiu em alguns trechos de bairros centrais mais afetados, como Menino Deus e Praia de Belas, mas no fim da tarde desta sexta ainda prejudicava o trânsito nas avenidas Getúlio Vargas, Praia de Belas e Borges de Medeiros.
Na rua Doutora Rita Lobato, divisa entre os dois bairros, a redução no nível da água permitiu a chegada de máquinas para recolhimento de móveis descartados e entulho. Todos os prédios da rua foram inundados com a enchente do Guaíba devido à falha na estação de bombeamento do bairro.
A chuva e o vento forte continuam prejudicando o trânsito, e o entupimento da rede de esgoto também afeta o escoamento.
Um trecho da avenida Ipiranga, na zona leste da capital gaúcha, foi interditado por risco de afundamento após um buraco aparecer no asfalto. Técnicos da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) bloquearam parcialmente o trânsito e investigam a origem da cratera.
Na zona sul, a rua Estevão Cruz, no bairro Cristal, foi interditada nesta tarde por causa da água que tomou conta da pista.
A Defesa Civil de Porto Alegre emitiu um alerta, válido até as 9h deste sábado (25), para ventos de 60 e 80 km/h, descargas elétricas, com chance de granizo e queda de árvores.
Outro alerta preventivo, válido até segunda (27), trata de risco alto de deslizamentos, erosões e rolamento de blocos em áreas suscetíveis.
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a chuva deve dar trégua neste sábado, mas as temperaturas devem cair novamente.