Copom corta Selic em mais 0,5 ponto, para 11,25% ao ano, e sinaliza manter ritmo

O Copom também decidiu de forma unânime manter em seu comunicado o trecho em que os membros anteveem o mesmo ritmo de redução na taxa Selic em seus próximos encontros.

  • Data: 31/01/2024 20:01
  • Alterado: 31/01/2024 20:01
  • Autor: Renato Machado
  • Fonte: FOLHAPRESS
Copom corta Selic em mais 0,5 ponto, para 11,25% ao ano, e sinaliza manter ritmo

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O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31) por unanimidade reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 11,25% ao ano.

Dessa forma, o comitê manteve, em seu primeiro encontro de 2024, o ritmo do afrouxamento monetário aplicado desde agosto do ano passado. Este foi o quinto corte consecutivo de mesma magnitude.

O Copom também decidiu de forma unânime manter em seu comunicado o trecho em que os membros anteveem o mesmo ritmo de redução na taxa Selic em seus próximos encontros.

“Os membros do Comitê, unanimemente, […] avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, afirma o texto.

O texto trouxe poucas mudanças em relação ao comunicado anterior, publicado em dezembro, mesmo com a participação dos novos diretores do BC indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira assumiram seus cargos no dia 2 deste mês e participaram pela primeira vez do Copom nesta quarta.

Com isso, os indicados por Lula acompanharam as decisões e as sinalizações adotadas nos últimos meses pelo comitê, apesar de pressões do PT por um corte maior.

Entre os trechos mantidos, está inclusive a mensagem do Copom que defende que o governo persiga as metas fiscais já apresentadas. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, afirma o texto, repetindo o trecho dos textos anteriores.

Entre as poucas alterações trazidas em relação ao comunicado de dezembro, o Copom acrescentou, ao analisar o ambiente externo, que a conjuntura atual é marcada pelo debate sobre o início da queda dos juros nas principais economias. O colegiado manteve, em seguida, o diagnóstico de que o cenário exige “cautela por parte de países emergentes”.

Apesar de manter as projeções para inflação em seus cenários de referência, em 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025, o Copom modificou levemente as expectativas para os preços administrados —de 4,5% para 4,2% em 2024 e de 3,6% para 3,8% em 2025.

O colegiado também acrescentou a expressão “em grau maior” ao se referir a 2025 quando analisa a capacidade de inflação ficar ao redor das metas. De acordo com o comunicado, a decisão desta quarta é compatível com a estratégia de convergência para o objetivo traçado para o ano de 2024 e, “em grau maior”, para o de 2025.

De qualquer forma, o Copom afirma que o país está em trajetória de desinflação. Por outro lado, aponta que permanecem fatores de risco —como pressões inflacionárias globais e a resiliência na inflação de serviços.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, completa.

Analistas apontavam antes do encontro que um novo corte era a medida aguardada, considerando os indicadores de inflação.

De acordo com oboletim Focus, divulgado nesta terça-feira (30), o mercado espera que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) termine 2024 em 3,81% —na semana anterior, a previsão era de 3,86%.

A taxa básica de juros passou por um ciclo de 12 altas consecutivas de março de 2021 a agosto de 2022, respondendo ao aumento nos preços de alimentos, energia e combustíveis. Depois disso, ela ficou congelada no patamar de 13,75% ao ano até agosto do ano passado.

Os juros foram durante grande parte do ano passado motivo de discórdia entre o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central.

O mandatário desferiu diversos ataques contra o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a quem chamou repetidas vezes de “cidadão”, se recusando a pronunciar seu nome, questionou suas intenções e disse que ele não tinha compromisso com o Brasil.

A situação começou a mudar após as primeiras reduções na taxa básica de juros. O primeiro encontro entre Lula e Campos Neto ocorreu apenas em setembro do ano passado, em uma reunião no Palácio do Planalto.

O momento que selou a pacificação aconteceu poucos dias antes do Natal, quando Roberto Campos Neto foi convidado e participou do churrasco de fim de ano de Lula, na residência oficial da Granja do Torto, com a presença de todos os ministros do governo.

Antes da decisão do comitê, no entanto, integrantes do partido de Lula, o PT, pressionavam o Copom para que efetuasse um corte mais arrojado na taxa de juros.

Em suas redes sociais, a presidente da legenda, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), havia afirmado que o cenário econômico era favorável a uma redução maior e que 0,5 ponto percentual era “muito pouco”.

“O Brasil está pronto para retomar o crescimento com pujança, estimulado pelos investimentos do PAC, da Petrobras e da Nova Indústria Brasil, entre outros. Falta o BC fazer sua parte e começar a reduzir para valer a indecente taxa de juros”, escreveu a parlamentar.

“Cortar só 0,5 ponto da Selic outra vez, como antecipam a mídia e o mercado, é muito pouco. Está na hora de o BC pensar em suas responsabilidades com o país e fazer sua parte no esforço de reconstrução e crescimento”, afirmou.

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  • Data: 31/01/2024 08:01
  • Alterado:31/01/2024 20:01
  • Autor: Renato Machado
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