2ª Festa do Livro e Literatura de Diadema tem a marca da diversidade
Evento tem intensa programação e seu encerramento acontece neste sábado com várias atividades, entre elas debate com a escritora trans Amara Moira
- Data: 20/10/2023 17:10
- Alterado: 20/10/2023 17:10
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Festa do Livro e Literatura
Crédito:Mauro Pedroso
Com a participação de uma escritora negra e um escritor indígena logo no primeiro dia, a 2ª Feira do Livro e Literatura de Diadema foi aberta na quinta-feira (19) com a marca da diversidade e, em três dias, serão realizadas cerca de 30 atividades, entre elas o lançamento de livros de autores locais.
No ato inaugural, o prefeito José de Filippi Jr lembrou da importância dos livros na formação das pessoas e realçou a força das mulheres na edição do segundo evento da feira, que nesse ano homenageia Lygia Fagundes Telles, uma das maiores escritoras brasileiras.
O secretário de Cultura, Camilo Vanucchi, falou da extensa programação da feira, com aulas abertas, encontros com escritores, apresentações musicais, intervenções literárias, mesas de debates, contação de histórias e lançamentos de livros. “Acredito que vamos conseguir consolidar o projeto iniciado na 1ª Flid, no ano passado, e a proposta de abarcar o tema da diversidade é muito forte”, considerou.
Mulheres negras como sujeitos da história
Um dos destaques na abertura foi a participação da escritora negra feminista Djamila Ribeiro, em encontro mediado por Ifé Rosa OADQ, escritora, artista e produtora cultural da cidade. Djamila disse que as mulheres negras desempenham papel importante na base da pirâmide social “e é preciso olhar para as mulheres negras pela perspectiva do sujeito, de quem constrói o presente e faz história, e de não ser apenas a vítima”.
Djamila recordou da existência de muitas mulheres negras que foram importantes para o país e depois ficaram invisíveis aos olhos da sociedade. “A história – comentou – precisa ser contada sob a perspectiva da população negra, falar dos quilombos, das revoltas e da resistência”.
“A gente tem de fazer a guerra para fazer a paz acontecer, mas também queremos ser amadas, ter nossos momentos e encontrar espaços para a gente cuidar da gente. Por isso, a importância de colocar a pauta do feminismo negro, a força da coletividade das mulheres negras”, concluiu.
Desmistificando a visão sobre o indígena
Falando para estudantes do ensino fundamental, o escritor indígena Cristino Wapichana contou uma das lendas de sua tribo, que vive em Roraima, no norte do país. Uma história com muita simbologia sobre os costumes e as relações dos índios com a vida e a natureza. Cristino é escritor, músico, compositor, cineasta e também um contador de histórias.
“Tento, primeiro, fazer uma aproximação do tema junto ao público, e depois fazer a desmistificação de que o indígena atrapalha o progresso, que é sujo e que menos intelectualidade, como é apresentado pelos políticos, latifundiários e grandes criadores”.
Ele comentou que seu povo está no Brasil há mais de 4.500 anos. “Não é justo que uma meia dúzia de pessoas derrubem a floresta para criar gado e plantar soja para enriquecerem, e também acabando com o rio por causa do ouro, provocando a morte das pessoas”.
Escritora trans na programação de sábado
Neste sábado (21) a programação contém lançamento de livros de autores da cidade e encontro com a escritora trans Amara Moira. Confira.
9h30 – Aula aberta de ioga
10h – Encontro com o quadrinista e ilustrador Marcelo D’Salete.
11h – Encontro ‘Vamos Falar de Literatura Negra’ com escritores/as dos Cadernos Negros.
11h30 – Lançamento de livros de escritores da região, entre eles o livro de poesias ‘Fios bordados’, de Gilda Sabas de Souza, moradora da cidade.
13h – Intervenção artística de Arlene Ramos e Eduardo Carolino.
13h30 – Encontro ‘Cordel e Contos Populares, Tradição e Contemporaneidade’, com Moreira de Acopiara e Marco Haurélio
14h – Encontro ‘De Onde Vem o Livro?’, sobre os desafios para a publicação de um livro.
14h30 – Lançamento de livros, entre eles ‘Percepções de alunos com cegueira adquirida’, da professora da rede municipal Priscila Pinzetta.
16h – Clube Leia Mulheres, com debate do livro ‘Montanha Encantada’ de Maria J. Dupré.
17h – Encontro com a escritora trans Amara Moira. Com mediação de Janaina Leslão elas tratarão de temas como releituras da literatura brasileira por um prisma LGBT, feminista e antirracista, temáticas trans, sexualidade e gênero.
18h30 – Batalhas DDMA, que selecionaram oito MCs para a competição final.
19h30 – Slam das Minas, um poetry slam organizado e disputado exclusivamente por mulheres.