‘Brechas Urbanas- Impacto Político da Criatividade’ no Itaú Cultural
Debate mensal realizado pelo Itaú Cultural aborda como o poder de mobilização das pessoas abre caminhos para a renovação política e mudanças na sociedade
- Data: 15/05/2019 10:05
- Alterado: 15/05/2019 10:05
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Crédito:Beatriz Santos Andrade Araujo
O Brechas Urbanas de maio acontece no dia 22 (quarta-feira), às 20h, no Itaú Cultural. O tema desta edição é o Impacto Político da Criatividade e ele é debatido com o público por dois convidados do instituto: Manuella Alves da Silva, formada em pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e em artes cênicas pela SP Escola de Teatro e integrante do Espaço Cultural Cachoeiras, e Samuel Emílio Melo, cofundador da plataforma Engaja Negritude, da Educafro, coordenador nacional do Movimento Acredito e conselheiro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. A mediação é da jornalista e consultora Monique Evelle.
A fala de ambos os participantes neste debate, parte do mesmo lugar: a necessidade de renovação e de participação coletiva, como ferramentas de mudança política. Manuella e Melo têm longo histórico de atuação em grupos de ação social e olham para essa questão a partir da criação de redes e de novos olhares ao redor. Para ambos, as soluções podem emergir também das pessoas e não apenas do poder público, que é muitas vezes falho, principalmente nas periferias. Contudo, essa questão esbarra em outra, já que, para possibilitar o exercício da criatividade, é necessário primeiro sentir-se pertencente a algum lugar. Entra, nesse contexto, o direito à cidade e a apropriação do espaço urbano, como ferramentas para que a política adquira, de fato, novas dimensões.
Graduando em engenharia de produção, Melo é cofundador da plataforma Educafro e conta um caso concreto ocorrido no bairro em que nasceu, em Ipatinga, Minas Gerais. Algumas mães, que se revezavam para cuidar dos filhos umas das outras, pediram ao prefeito a construção de uma creche. A resposta foi que primeiro elas precisavam comprar o terreno por conta própria. Elas encontraram um pedaço de terra à venda e saíram pelo bairro mais abastado da cidade vendendo o metro em uma espécie de crowdfunding.
“Com o terreno comprado pelas mulheres, o prefeito foi obrigado a construir a creche que até hoje é uma das maiores da cidade”, conta Melo. “Essa é uma das materializações da utilização da criatividade para resolver problemas políticos”, explica para concluir: “Existem várias críticas a este caso exemplar, pois é papel da prefeitura comprar o terreno, mas, naquela situação e contexto, essa foi a solução que essas mulheres conseguiram criar.”
Nesta mesma margem, mobilizando afetos e congregando pessoas, está centrado o posicionamento de Manuella, que atua, por meio do Espaço Cultural Cachoeiras, no Cohab Raposo Tavares, levando atividades culturais para o local. O grupo é composto majoritariamente por pessoas que moram ou trabalham no bairro. De acordo com ela, a troca é intensa para quem produz as atividades e atua diretamente na transformação do local onde vive ou atua. Também, para as companhias e coletivos teatrais, acostumadas a se apresentar em estabelecimentos centrais, que passam a ter a oportunidade de se deslocar para outros públicos mais periféricos na geografia da cidade.
“Esses encontros, por menores que sejam, provocam coisas. As pessoas constroem outra relação com a linguagem teatral. A gente acabou formando público. Os grupos de teatro estão abrindo espaços que essas pessoas não alcançam por não terem tanto acesso a cidade. Assim, ampliam o seu repertorio cultural,” completa ela, que cresceu no Cohab Raposo Tavares.
Sobre o Brechas Urbanas
O Brechas Urbanas foi criado a partir da aposta do Itaú Cultural de que é cada vez mais urgente repensar a vida nas cidades, tendo a arte como elemento transformador potente nesta reflexão.
“Essa pesquisa proporcionada pelos encontros nos move a propor inovações no mundo contemporâneo”, acredita Ana de Fátima Sousa, gerente do Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural, que também assina a curadoria da programação.
Monique Evelle, a nova mediadora do encontro, destaca importância de poder aprofundar o debate sobre as cidades a partir de diferentes narrativas. “Vai ser um território de aprendizagem ao lado de pessoas que estudam e vivem cada assunto abordado.”
Brechas Urbanas tem a proposta de reunir mensalmente representantes de diversas áreas da arte e da cultura para fazer uma reflexão atual e propositiva sobre a vida na cidade. Além da transmissão ao vivo do programa, também com interpretação em Libras, o Itaú Cultural disponibiliza todos os eventos do gênero já realizados no endereço: http://www.itaucultural.org.br/secoes/videos.
Sobre os participantes
Manuella Alves da Silva nasceu em São Paulo, em 1990. É formada em pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e em artes cênicas pela SP Escola de Teatro. Em 2014 foi integrante do grupo Femininjas de Performance e, desde então, pensa a respeito da ocupação da cidade. Atualmente é professora de educação infantil e integrante do Grupo do Espaço Cultural Cachoeiras, pelo qual tem organizado, ao longo dos últimos anos, apresentações nos espaços públicos do bairro Cohab Raposo Tavares, onde morou por uma década.
Monique Evelle é idealizadora de diferentes negócios da comunicação, educação e empreendedorismo sustentável, como o Desabafo Social, Radar.vc e Evelle Consultoria. Ela viajou cidades brasileiras pesquisando sobre Inovações Políticas nas Periferias, pelo Instituto Update, que virou série na GloboNews, chamada Política: Modo de Fazer.
Com 23 anos, ela é sócia da SHARP e da Conta Black, foi repórter do Profissão Repórter, da Rede Globo, sendo finalista do Troféu Mulher Imprensa 2018, com a reportagem sobre Feminicídio na categoria Melhor Reportagem Especial sobre Mulheres. Já desenvolveu estratégias e produção audiovisual em entretenimento e impacto social na Bossa Nova Group.
Monique presta consultoria de marketing e inovação com soluções em educação e pesquisas, assinando a curadoria dos maiores festivais de criatividade do Brasil, Festival Path e Menos30Fest, da Rede Globo. Em 2019 ela se torna mediadora do Brechas Urbanas.
Samuel Emílio Melo nasceu na periferia de Ipatinga, no interior de Minas Gerais. É cofundador da plataforma Engaja Negritude da Educafro, coordenador nacional do Movimento Acredito e conselheiro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Ao longo de sua carreira, já atuou como coordenador de políticas públicas na Educafro, liderou o Movimento Empresa Júnior, na UNESP, foi embaixador no Ensina Brasil (Teach for All) e facilitador no Espaço Jabuti. Graduando em engenharia de produção, é também fellow do programa ProLíder e do Guerreiros sem Armas. Sonha com o dia em que a cor da pele não influencie na expectativa de vida das pessoas.
SERVIÇO:
Brechas Urbanas – O Impacto Político da Criatividade
Com Samuel Emílio Melo e Manuella Alves da Silva
Dia 22 de maio, às 20h
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: Livre
Sala Vermelha – piso 3
70 lugares
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: uma hora antes do evento | com direito a um acompanhante
Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa
Interpretação em Libras.