Bolsonaro associa criação de ministérios a eleição de seus candidatos no Congresso

Um deles seria o do Esporte; movimento mostra a aproximação entre governo e Centrão. A redução de ministérios era uma agenda de campanha do próprio Bolsonaro

  • Data: 29/01/2021 18:01
  • Alterado: 29/01/2021 18:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Bolsonaro associa criação de ministérios a eleição de seus candidatos no Congresso

Bolsonaro indica que pode recriar o Ministério do Esporte

Crédito:Reprodução

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Em evento com atletas no Palácio do Planalto, Bolsonaro sugeriu recriar alguns ministérios extintos durante sua gestão, entre eles o Ministério do Esporte. O presidente sinalizou que o ministério poderá ser recriado após as eleições para a presidência da Câmara e do Senado, marcadas para 1º de fevereiro, em mais um movimento que mostra a aproximação entre governo e Centrão, grupo de partidos que costuma pedir cargos em troca do apoio político.

A pasta foi criada em 1995, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e chefiada pelo ex-jogador Pelé. Ela foi mantida durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ao assumir em janeiro de 2019, Bolsonaro rebaixou o status da pasta e a incorporou ao Ministério da Cidadania, sob o comando do secretário especial do Esporte, Marcelo Magalhães.

Se tiver o clima no parlamento, ao que tudo indica as duas pessoas que nós temos simpatia devem se eleger, não vamos ter mais uma pauta travada. A gente pode levar muita coisa avante e quem sabe até ressurgir ministérios”, disse o presidente, em referência aos candidatos Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que disputam o comando da Câmara e do Senado, respectivamente.

A redução de ministérios era uma agenda de campanha do próprio Bolsonaro. Por meio de medida provisória, ele reduziu o número de pastas de 29 para 22. “Alguns podem falar ‘ah, quer recriar ministério?’. O tamanho do Brasil, pessoal, só a Amazônia é maior que toda a Europa ocidental todinha”, comentou.

O presidente sinalizou que se arrependeu da decisão. Em discurso, ele disse que, se formasse sua equipe de ministros hoje, teria dado status de ministro também aos secretários especiais Mario Frias, de Cultura, e Jorge Seif, da Pesca.

A reorganização do governo depende da aprovação do Congresso. Sem sucesso, o governo tentou enviar a Fundação Nacional do Índio (Funai) do Ministério da Justiça para o Ministério dos da Mulher, Família e Direitos Humanos e repassar a demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura. Conseguiu, no entanto, retirar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia e transferi-lo ao Banco Central.

O Estadão revelou nesta quinta-feira, 28, que somente do Ministério do Desenvolvimento Regional o governo liberou R$ 3 bilhões em dinheiro extra para atender aos parlamentares. Dos contemplados, grande parte declarou apoio aos candidatos do governo no Congresso. Há também deputados e senadores que têm indicação dos seus partidos para votar nos nomes adversários, mas que estão sendo atraídos com verbas e cargos.

O anúncio da possível recriação do Ministério do Esporte foi feito em cerimônia para receber os novos atletas embaixadores dos Jogos Escolares Brasileiros (JEB’s), hoje, 29, pela manhã. A competição ocorrerá entre 29 de outubro e 5 de novembro. A última edição dos jogos ocorreu em 2004. Ao microfone, atletas comemoraram a nova edição dos jogos e também pediram o retorno do Ministério do Esporte.

Essas não são as únicas mudanças que devem ocorrer no governo. Em meio às especulações sobre uma reforma ministerial após as eleições no Congresso para acomodar o Centrão, cogita-se a possibilidade de dividir o Ministério da Economia e recriar as pastas de Planejamento e de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, além de mudanças na Secretaria de Governo e na Secretaria-Geral da Presidência.

O presidente também fez elogios à sua equipe atual de ministros. Ele citou o trabalho do ministro Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), no desenvolvimento de uma vacina brasileira, mas reconheceu que o País não tem orçamento para bancar o novo imunizante e disse estar “acertando buscar dinheiro numa outra área”.

“Quem diria, né, fazer a nossa vacina. Porque a vacina que está aí, o pessoal sabe que a data de validade está em torno de seis meses e não pode ficar comprando isso, gastando bastante, se pode produzir aqui. O Brasil nunca se importou, em muitas décadas, com pesquisa e desenvolvimento, e agora se importa”, disse.

A cerimônia foi fechada à imprensa, mas transmitida ao vivo nas redes sociais pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filhos do presidente.

O evento reuniu parlamentares aliados ao governo e representantes do setor esportivo no País. Entre os embaixadores escolhidos para os jogos escolares e que estiveram na cerimônia o lutador José Aldo, que já se encontrou com o presidente no ano passado; a bicampeã mundial no judô e duas vezes medalhista olímpica, Mayra Aguiar; a dupla medalhista olímpica no vôlei, Serginho e Giba; e Maurren Maggi, campeã olímpica no atletismo.

A lista de atletas embaixadores inclui ainda o jogador de basquete Nenê Hilário; Daniel Dias, da natação paralímpica; Arthur Zanetti, campeão olímpico na ginástica artística; e Flávia Saraiva, da seleção brasileira de ginástica artística.

Também prestigiaram a cerimônia a ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, e Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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