A desigualdade racial no Brasil e EUA

Especialistas discutem o assunto no evento Diálogos Brasil-EUA: A questão racial em debate

  • Data: 28/02/2021 14:02
  • Alterado: 28/02/2021 14:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
A desigualdade racial no Brasil e EUA

Crédito:Reprodução

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A diminuição da desigualdade racial e a reestruturação das instituições para promover uma sociedade mais diversa são alguns dos desafios de Brasil e EUA para os próximos anos. A conclusão foi apresentada durante os debates Diálogos Brasil-EUA: A questão racial em debate, projeto realizado em parceria pelo Estadão e a Embaixada e os consulados dos EUA no Brasil. O evento foi promovido para marcar o Black History Month (Mês da História Negra).

Mesmo com as diferenças entre os países sendo pontuadas, os debatedores convidados – com experiências diversas no mercado, na academia, na administração pública e no terceiro setor – mostraram pontos de convergência entre os obstáculos à igualdade racial nos dois contextos e aspectos semelhantes na luta identitária por direitos e justiça, como os atos antirracistas de 2020 nos EUA, após a morte de George Floyd, que se espalharam pelo mundo, inclusive pelo Brasil.

Os casos de Floyd, em Minneapolis, e João Alberto Freitas, em Porto Alegre, foram apontados como momentos de virada no combate ao racismo estrutural durante o primeiro painel do evento, que discutiu políticas afirmativas e cotas. O prefeito de Apex, na Carolina do Norte, Jacques Gilbert, ressaltou que a morte de Floyd teve um impacto profundo na sociedade americana, sendo capaz de mobilizar negros e brancos em protestos por todo o país para cobrar mudanças nas abordagens policiais discriminatórias.

“(Viram) a maneira como o problema estava sendo ignorado, como pessoas estavam sendo tratadas. Infelizmente, alguém teve de perder a vida”, disse Gilbert, que antes de ser prefeito alcançou a patente de capitão na polícia americana. Ao assumir o atual cargo, o político promoveu uma revisão no departamento de polícia da cidade, para “mudar a perspectiva do nós contra eles”.

O mesmo disseram do caso brasileiro o economista Helio Santos, fundador do Instituto Brasileiro da Diversidade, e o advogado José Vicente, fundador e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares. “Finalmente, entendemos o seguinte: se etnia e raça foram utilizadas para excluir, devem ser utilizadas como critério para incluir“, disse Santos, defendendo a adoção de políticas afirmativas.

Já Vicente lembrou que a Howard University – onde estudou a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris – foi fundada em 1867, para que os negros americanos tivessem acesso ao ensino superior. “Quando os negros brasileiros ainda estavam escravizados, os negros americanos estavam recebendo seus primeiros diplomas”, afirmou.

A diversificação social nos EUA exerce pressão direta no mercado mundial, apesar de ainda estar atrasado na análise do pesquisador da Escola de Comunicação e Artes da USP Ricardo Sales, que aponta que, embora o meio empresarial tenha feito grandes investimentos para avançar na questão, os esforços foram feitos nas matrizes e, muitas vezes, não chegaram às filiais no Brasil.

“Várias empresas têm mais de 50% dos funcionários negros. Mas onde estão essas pessoas? Muitas vezes, na base dos trabalhos, não nos postos onde as decisões são tomadas.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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