Líderes precisam se comprometer, diz maior ONG humanitária do mundo

Neste Dia Internacional da Paz, alerta a Visão Mundial, mais de 60% dos combatentes de milícias na região da África são crianças e jovens e acabam como soldados, forçados a se defender

  • Data: 20/09/2017 13:09
  • Alterado: 20/09/2017 13:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: JB
Líderes precisam se comprometer, diz maior ONG humanitária do mundo

Crédito:Divulgação

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Amanhã, 21 de Setembro, se comemora o Dia Internacional da Paz. E apesar disso, segundo a ONG Visão Mundial – que atua na assistência de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social ao redor do mundo – este é o momento para os líderes das nações transformarem suas palavras em ação, já que o número de crianças que lutam em grupos armados cresce a cada dia.

Segundo Chris Derksen-Hiebert, diretor de relações exteriores da Visão Mundial, o problema é alarmante. “Mais de um quarto das crianças de todo o mundo vivem em países afetados por conflitos, crises e desastres. Este cenário aumenta o número de crianças que são apanhadas no fogo cruzado e forçadas a lutar em guerras, testemunhando e experienciando todas as formas de violência imagináveis. Neste Dia Internacional da Paz, precisamos que os líderes das nações se comprometam a melhorar as condições de vida desses jovens.”

Milhares de crianças são separadas de seus pais e acabam em campos de refugiados, forçados a se defenderem. Ainda segundo Chris Derksen-Hiebert, os jovens da região do Sudão estão entre os mais afetados. “Muitas crianças que vivem na região do Sudão viram suas famílias mortas e fugiram do país”.

John, de 12 anos, refugiado de guerra em Uganda, comenta os horrores que testemunhou.

“Eu tinha que pular os cadáveres; eles estavam espalhados. Havia carros em chamas e outros não paravam de atirar. Tive que correr para salvar minha vida. As crianças estavam machucadas e sangrando. Alguns tiveram seus membros cortados. Perdi a conta do número de pessoas mortas… Consigo vê-los em meus sonhos às vezes.”

Enquanto isso, no Curdistão, região do Iraque, os meninos e meninas que fugiram de Mosul, na Síria, estão profundamente traumatizados, porém não há financiamento suficiente para o custeio de programas de assistência psicológica e muito menos para a reconstrução da região devastada pela guerra.

“Nossos voluntários estão lidando com jovens forçadas a se casarem com combatentes do grupo extremista Estado Islâmico ou aprisionadas para servirem como escravas sexuais. Recentemente, encontramos uma garotinha de 5 anos que sofria de estresse pós-traumático, após presenciar o assassinato e estupro de membros da sua família. Por diversas vezes, ela tentava cavar buracos para se enterrar e gritava de pavor se alguém a tocasse”

diz Ian Dawes, gerente de respostas a conflitos da Visão Mundial no Iraque.

O chocante nesta situação é o fato de adultos forçarem crianças a lutarem em conflitos armados; de acordo com as Nações Unidas, o número de jovens usados como soldados no Oriente Médio e Norte da África dobrou no ano passado. Acredita-se, agora, que as crianças representam 60% dos membros de milícias na região de Kasai, na República Democrática do Congo. “Essas crianças são usadas como soldados, espiões, terroristas suicidas e escudos humanos. Eles não têm escolha. É matar ou ser morto”, afirma Chris Derksen Hiebert.

“O objetivo do tratado 16.2 de Desenvolvimento Sustentável – que busca o fim da exploração e violência contra crianças, foi uma promessa de melhora. Existem trabalhos incríveis que buscam atingir os pontos do tratado, porém todos nós devemos unir forças para alcançar este objetivo até 2030. A comunidade internacional precisa redobrar os esforços para proteger as crianças e ajudar a negociar a paz onde mais é necessário.”

SUDÃO
A Visão Mundial vem trabalhando no que agora é conhecido como a região do Sudão do Sul, desde 1989. Atualmente, a ONG está ajudando milhares de crianças e suas famílias afetadas por conflitos e a fome; incluindo aqueles que fugiram para Uganda, Quênia e Etiópia – regiões vizinhas. Está fornecendo ajuda alimentar de emergência, tratamento para crianças desnutridas, mulheres grávidas e lactantes, além de treinamento e suporte agrícola, kits de água limpa, higiene e saneamento, espaços amigáveis para crianças, educação inicial e treinamento para a consolidação da paz.

IRAQUE
A Visão Mundial está trabalhando em campos de refugiados em toda a região do Curdistão, no Iraque. A organização presta assistência imediata às famílias à medida em são resgatados, incluindo alimentos, água, colchões, cuidados de saúde e programas de educação, proteção e desenvolvimento econômico em longo prazo para garantir que possam se recuperar e começar a reconstruir suas vidas.

Como parte dos programas de proteção infantil da Visão Mundial, os voluntários identificam as crianças mais vulneráveis nos campos e encaminham para os assistentes sociais da ONG, que oferecem suporte psicossocial e conectam as crianças com outros serviços, como médicos especialistas que podem ajudá-las no processo de recuperação. Além disso, a organização ajuda a identificar as crianças não acompanhadas ou separadas de suas famílias.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO
A Visão Mundial vem promovendo programas de socorro, reabilitação e desenvolvimento para crianças e suas famílias afetadas por conflitos, desastres e pobreza desde 1984. Atualmente, a VM opera em 14 das 26 províncias do país, com ações de proteção, saúde, nutrição, água, saneamento, assistência alimentar, segurança alimentar, construção da paz e regaste emergencial de aproximadamente 2,5 milhões de pessoas afetas pelos conflitos. A ONG é o maior parceiro do Programa Mundial de Alimentos (PMA) no país, distribuindo alimentos para quase um milhão de pessoas.

Desde que a violência entrou em estado calamitoso na região de Kasai, a Visão Mundial busca impactar mais de 146 mil pessoas na região, bem como os refugiados que fugiram para Angola. As intervenções iniciais se concentram em alimentos e proteção infantil. Em parceria com o Programa Mundial de Alimentos, foram distribuídos alimentos para mais de 28.000 pessoas – estas são as primeiras distribuições de alimentos na região desde a crise. Também está sendo planejado alimentar mais 120 mil pessoas até dezembro, além da abertura de seis Espaços Amigáveis para crianças, distribuições de bolsas com suprimentos escolares e intervenções educacionais que irão atingir mais de 30 mil crianças afetadas pelo conflito.

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  • Data: 20/09/2017 01:09
  • Alterado:20/09/2017 13:09
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