Com ajuda de operários africanos, vestiário do Bruno Daniel entra na reta final
Estádio de Santo André será local de treinamento para as seleções de futebol feminino e masculino das Olimpíadas Rio-2016, a partir do dia 24 de julho
- Data: 09/06/2016 17:06
- Alterado: 16/08/2023 22:08
- Autor: Elaine Granconato
- Fonte: Secom PSA
Ernesto Ncundé
Crédito:Beto Garavello/PSA
A obra do vestiário oficial do Estádio Bruno José Daniel, equipamento municipal de Santo André que servirá de centro de treinamento das seleções olímpicas de futebol a partir de 24 de julho, entra em contagem regressiva. O espaço da Vila América oferecerá, entre outros, quadra de aquecimento, sala de controle antidoping, sala de massagem e mais áreas exclusivas para comissão técnica, imprensa e Polícia Militar. O prazo de entrega está previsto para até o dia 20 deste mês. Na linha de frente da construção, destaque para quatro africanos que integram o pelotão de operários da empresa contratada pela Prefeitura.
Como é o caso de Tyty Diba Tshiminy, 49 anos, nascido em Congo e que aportou no Brasil há quase três para fugir da guerra em busca de paz. Depois da marcenaria, a construção civil foi o caminho, inclusive com a recente especialização técnica na área de hidráulica pelo Senai-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) de São Paulo que lhe rendeu uma promoção na Construtora Ponto Forte, responsável pela reforma geral do estádio oficial do time de futebol do Santo André, que disputará a Série A-1 do Campeonato Paulista em 2017.
Com habilidade no português, novo idioma que incorporou a lista dos outros que fala fluentemente, como o francês e o inglês, fora os cinco dialetos regionais de seu país, o simpático Tyty se mostra orgulhoso de trabalhar em uma obra que será utilizada, nos próximos dois meses, para fins olímpicos. Neste caso, especialmente, o futebol que tanto gosta – delegações do Canadá, Austrália, Alemanha, Estados Unidos, Zimbabwe e Japão realizaram vistoria técnica no gramado andreense, mas ainda sem definição oficial por parte do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) dos futuros hóspedes.
Em solo brasileiro, Tyty escolheu o Corinthians para torcer. “Primeiro, porque moro perto do estádio, em Itaquera; segundo, em razão de ter as mesmas cores do time que torço em Congo”, disse o pedreiro, aos risos, referindo-se ao Mazembe, equipe que entrou para a história ao eliminar, surpreendentemente, por 2 a 0, o Internacional (RS) do Mundial de Clubes da Fifa, em 2010.
Além de Tyty, o vestiário do Santo André está sendo erguido com o suor e esforço de outros países do continente africano, casos de Guiné-Bissau e Gana, além de, obviamente, brasileiros de vários cantos, como Ceará, Bahia, Pernambuco e São Paulo.
Do país africano colonizado por portugueses, o pedreiro Ernesto Ncundé, 42 anos, que deixou lá a mulher e três filhos há um ano e quatro meses. Na construção civil, atua desde 1990 e contou feliz que concluiu aqui o curso de mestre de obras. Torcedor do Porto, de Portugal; no Brasil, optou pelo Santos, do rei de futebol “Pelé”, como fez questão de lembrar.
De Gana, são dois representantes: os ajudantes de pedreiro Samuel Boakye, 40 anos, e Richard Arthur, 36 anos, que têm a língua inglesa como oficial, além de arriscarem no português e no alemão, fora os dialetos. Samuel adotou o Palmeiras como time de coração aqui, mas torceu muito para a Seleção de Gana empatar com a tetracampeã Alemanha, em 2 a 2, durante a Copa do Mundo no Brasil. “Fui assistir o jogo na Arena Corinthians”, lembrou o ganês, casado e que aguarda a chegada do primeiro filho em solo brasileiro.
ZONA MISTA – No espaço público em fase final de construção, haverá ainda dois vestiários da arbitragem, um para juiz; outro para juíza, com direito, inclusive, aos cabides já pendurados na cor rosa. A comissão técnica também terá sala especial, com dois banheiros. Haverá ainda área da zona mista, que permitirá à imprensa acesso aos jogadores, após as partidas.
O engenheiro civil Renato Dargevitch, um dos diretores da Ponto Forte Construtora, afirma que a obra está na fase final, conforme contrato firmado com a Prefeitura de Santo André. “O COB só exigiu a conclusão de um dos vestiários para uso das seleções olímpicas”, explicou. Além de banheiros, serão 11 chuveiros, dos quais, nove quentes e dois frios. As seis banheiras com hidromassagem serão instaladas até dezembro deste ano, assim como a conclusão do vestiário do time visitante.
Em abril, o Executivo, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos, promoveu diversas intervenções no local, como a reconstrução da arquibancada do setor B; reforma das salas de imprensa e da tribuna, das entradas de acesso ao estádio, do estacionamento e das bilheterias, além da remodelação total da área do banco de reservas. O investimento municipal, inclusive com os novos vestiários, foi de R$ 16 milhões. Por outro lado, o gramado está sendo restaurado pelo COB, sem custo algum para a Administração.