Emoção marca pré-estreia de filme sobre participação de refugiados no carnaval
O documentário de 27 minutos conta como cinco pessoas refugiadas de diferentes nacionalidades integraram-se na maior festa da cultura brasileira
- Data: 12/07/2022 20:07
- Alterado: 22/08/2023 22:08
- Autor: Redação
- Fonte: ACNUR
Crédito:Reprodução/YouTube
A história de como cinco refugiados aprenderam a colocar samba no pé e se integrar à comunidade para participar da maior festa da cultura brasileira virou documentário. “Resistência – A Jornada dos Refugiados no Carnaval do Rio” mostra pessoas de cinco nacionalidades diferentes que, a convite da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), desfilaram na Sapucaí com a Acadêmicos do Salgueiro, cantando o samba-enredo “Resistência”, sobre a cultura das comunidades afrodescendentes no Brasil.
A primeira exibição do filme aconteceu no dia 21 de junho, para uma plateia de moradores atentos e emocionados da organização Aldeias Infantis SOS Brasil, projeto parceiro do ACNUR no Rio de Janeiro que acolhe pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas, que passaram pelo programa de interiorização após cruzar a fronteira em Roraima.
Sob os olhos atentos de crianças, jovens e idosos, o documentário de 27 minutos de duração foi exibido acompanhado de arepas, prato típico venezuelano. “Eu me senti muito feliz após ver o filme, muito pela inclusão”, contou a venezuelana Yelizta Lafont, de 47 anos. “Quando eu cheguei aqui no Brasil eu fui muito maltratada, achava que não tinha direito a nada. Então quando eu vi o filme eu comecei a chorar. Angolanos, sírios, venezuelanos, são todos meus irmãos e eles estão sendo bem-vindos. Isto se chama inclusão e diversidade”, comemorou.
Discretamente acompanhado cada cena, uma das protagonistas do desfile, a angolana Filomena, de 22 anos, superou a violência sofrida em sua terra natal e a timidez para participar das gravações e entrar na avenida. “Eu fiquei realmente emocionada de ver como ficou o filme e me senti mais acolhida depois de participar do carnaval, mais confiante em mostrar quem eu sou. Eu sempre sonhei em estar na avenida, estar na maior festa do Brasil e do Rio de Janeiro”, contou.
Registrando cada momento da primeira exibição em seu celular, Filomena revelou que estava compartilhando o conteúdo com os amigos que fez durante os ensaios, inclusive os outros protagonistas do documentário. “Eu pude conhecer outros refugiados, pude me identificar e não me sentir sozinha. Os amigos que eu fiz no ensaio eu estou mantendo. Eu estou fazendo questão de gravar tudo aqui para mostrar para eles”.
Dirigido por Beca Furtado, produzido pelo ACNUR e pela Rec Design, o documentário também foi exibido em uma sessão exclusiva em Brasília na mesma semana, com a presença de membros de AVSI Brasil e Aldeias Infantis SOS Brasil, bem como pessoas que participam da iniciativa de Proteção de Base Comunitária em São Sebastião (DF), autoridades e representantes do corpo diplomático.
Agora, o filme deve percorrer festivais no Brasil e no mundo e, posteriormente, ser veiculado em canais de streaming e mesmo em TVs abertas. É este o plano que o representante do ACNUR no Brasil revelou em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).
“Queremos que o mundo veja esta experiência. Eu não posso pensar em uma festa maior no mundo do que o carnaval”.
José Egas, ACNUR Brasil
Inclusão – Egas explicou que quando se trata de direitos associados à condição de refugiado é necessário pensar em soluções em quatro pilares: regularização e documentação, desenvolvimento de políticas de acolhida, oportunidades de integração local e econômicas e inclusão sociocultural.
Ao convidar pessoas da Angola, Morrocos, República Democrática do Congo, Síria e Venezuela para participar tão ativamente de uma celebração local e serem recebidos pela comunidade, o ACNUR quis construir um exemplo mundial de integração completa. “Mesmo tendo um emprego e um contexto favorável, se você está em um lugar onde existe xenofobia e discriminação, onde você não é considerado um ator ativo da sociedade, você nunca poderá recomeçar a sua vida”, explicou Egas. “E nós esperamos que o Brasil continue acolhendo e facilitando o acesso ao asilo para as pessoas que necessitam de proteção internacional. E que, especialmente, continuemos a fortalecer o processo de integração socioeconômica e cultural dessas pessoas que estão começando a vida em outro país”, pontuou.
Para ler o texto completo no site do ACNUR, clique aqui.