IBGE: Brasileiros deixaram de fazer 15,9 milhões de viagens em 2 anos de pandemia
Dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Turismo 2020-2021
- Data: 06/07/2022 15:07
- Alterado: 06/07/2022 15:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
Os brasileiros deixaram de fazer cerca de 15,9 milhões de viagens nos dois anos de pandemia de covid-19. O cálculo considera como parâmetro o número de viagens em 2019, 20,934 milhões, antes do choque provocado pela crise sanitária no País. No ano de 2020, esse total despencou a 13,578 milhões, descendo ainda mais em 2021, para 12,337 milhões.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) – Turismo 2020-2021, divulgados nesta quarta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número de viagens feitas em 2021 foi 41% menor que em 2019, ano pré-pandemia. A proporção de domicílios brasileiros em que algum morador viajou minguou de 21,8% em 2019 para 13,9% em 2020 recuando novamente em 2021 a apenas 12,7%. Em números absolutos o total de lares com ao menos um viajante no ano desabou de 15 441 milhões em 2019 para 9,867 milhões em 2020, para apenas 9 093 milhões em 2021. Ou seja, ninguém viajou no ano passado em 87,3% das casas brasileiras.
“No Brasil, 2021 foi pior em relação ao turismo do que em 2020, aprofundou essa perda”, observou Flávia Vinhaes, analista do IBGE.
O IBGE não calcula o quanto essa redução nas viagens significou para a economia do País, mas projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam para uma perda muito significativa. Dados publicados pela confederação em março apontavam para um prejuízo total de R$ 485,1 bilhões para o setor de março de 2020 a janeiro deste ano.
Viagens internacionais
A pandemia impactou proporcionalmente mais as viagens internacionais, cuja participação foi reduzida de uma fatia de 3 8% no total de viagens em 2019 para 2% em 2020 e somente 0,7% no ano de 2021. “A gente imagina que isso seja atribuído às restrições sanitárias, suspensão de voos, fechamento de várias cidades. É possível que esse indicador retrate bastante as consequências da crise sanitária nas viagens internacionais”, disse Vinhaes.
A finalidade da viagem, se pessoal ou profissional, oscilou em patamares semelhantes ao longo dos últimos três anos, encerrando 2021 com 85,4% delas particulares e 14,6% profissionais.
Falta de dinheiro
A falta de dinheiro ainda é o principal motivo para a ausência de viagens, mencionado por um terço (33,3%) dos domicílios em 2020 e 30,5% dos lares em 2021. No entanto, em 2019, a falta de recursos financeiros era apontada por quase metade das casas, exatos 49,2%, para justificar ninguém ter viajado naquele ano.
“Realmente nós observamos um deslocamento de domicílios para a classe de rendimentos mais baixa. Isso a gente viu também na pesquisa de rendimentos do IBGE”, disse Vinhaes. “Mas esse motivo (falta de dinheiro) não foi mais atribuído que em 2019 para não realizar viagem. Então, a preocupação com a covid foi uma preocupação que superou a questão financeira para não realizar viagem”, completou.
A pandemia figurou como uma razão em si para a ausência de viagens nos últimos dois anos, contabilizada na opção “Outro motivo”, que ganhou a adesão de cerca de um quinto dos domicílios como justificativa para não haver viajantes em casa em 2020 (19,0% os lares sem viagens) e 2021 (20,9% desses domicílios sem viagens).
“Aqui vale sublinhar que a categoria ‘Outro’ ficou superdimensionada por causas relacionadas à crise sanitária como necessidade de afastamento social, impossibilidade de pegar voos ou mesmo por ter sido infectado pelo vírus no período investigado”, informou o IBGE.
Outras justificativas apontadas para a ausência de viagens foram a falta de necessidade de viajar (mencionada por 19,2% dos lares sem viagens em 2020 e 20,8% em 2021); falta de tempo (9,6% em 2020 e 8,3% em 2021); falta de interesse (8,2% em 2020 e 7,6% em 2021); não ser prioridade (7,9% em 2020 e 8,9% em 2021); e problemas de saúde (2,8% em 2020 e 3,0% em 2021).