Vilões da inflação em 2021, combustíveis devem se manter estáveis este ano

Preço da gasolina deve seguir acima de R$ 6 devendo atingir o valor mais baixo no mês de março e, em setembro, o preço médio do litro da gasolina será o mais alto

  • Data: 05/01/2022 08:01
  • Alterado: 05/01/2022 08:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Vilões da inflação em 2021, combustíveis devem se manter estáveis este ano

Crédito:Envato

Você está em:

O diesel foi o combustível fóssil que mais subiu no ano passado, 46,8% na comparação com 2020, segundo o Levantamento de Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP). O segundo maior aumento foi da gasolina (46,5%), seguida do Gás Natural Veicular (40,1%) e gás de cozinha (35,8%). A alta acompanhou o preço do petróleo no mercado internacional, que em um ano de instabilidade subiu cerca de 40%, no embalo da recuperação da economia global com a evolução da vacinação contra o covid-19.

Para piorar, o etanol também disparou no mercado interno, com os produtores priorizando a produção de açúcar, em alta no mercado mundial, reduzindo a oferta nacional. Segundo a ANP, nos postos de abastecimento o etanol subiu 60% no ano passado.

De maneira geral, os combustíveis, junto com a energia elétrica, foram os grandes vilões da inflação de 2021, que deve fechar o ano acima dos 10%, segundo analistas. O cenário, porém, não deve se repetir este ano, informa o coordenador dos índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, apesar do petróleo estar retornando para as máximas do ano passado, em torno dos US$ 80 por barril do tipo Brent.

Os combustíveis não vão aparecer mais como os grandes vilões este ano, como foi o caso no ano passado. Ano passado teve desvalorização cambial grande e aumento do preço em dólar do petróleo, houve desmobilização da cadeia produtiva, o que está sendo retomado este ano“, explicou Braz.

Ele ressalta que apesar da variante do covid-19, Ômicron, estar no radar global, ameaçando a retomada de grandes economias, não deve ter o efeito que a pandemia teve no ano passado. “Temos condições de ter preços mais estáveis este ano“, afirmou.

Outra diferença em relação a 2021 está sendo o inverno no hemisfério norte, que vem se apresentando menos rígido do que no ano passado, quando refinarias tiveram que parar de operar por conta das altas temperaturas.

Na estimativa de Braz, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve cair pela metade em relação a 2021, para 5,2%. “Minha previsão para este ano fica acima do que o mercado espera, que é o teto da meta de inflação (5%), exatamente pelo risco político de ano eleitoral, principalmente na reta final das eleições, que traz desvalorização cambial com chances de afetar a inflação de 2022” informou.

Para o Pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jager, o petróleo deve ter uma leve queda no primeiro semestre de 2022, com o fim do inverno no hemisfério norte, mas os derivados devem se manter nos patamares atuais, com a recuperação da margem dos postos de abastecimento, que não repassaram todo o aumento da Petrobras no ano passado. Nas refinarias da Petrobras, o aumento da gasolina, por exemplo, foi de 63,3%. Outro agravante, destaca será a continuidade da alta do açúcar no mercado internacional, que deve manter o preço do biocombustível em alta, o que afeta a gasolina, cuja mistura está no patamar de 27%.

Não existe grande espaço para redução dos derivados, apenas se a Petrobras reduzir o preço na refinaria por decisão política, o que pegaria muito mal para a empresa“, avaliou.

PREÇO DA GASOLINA DEVE SEGUIR ACIMA DE R$ 6
O preço médio do litro da gasolina no Brasil deve cair 5,94% no acumulado do primeiro trimestre deste ano segundo levantamento feito pela ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas. Apesar do recuo que pode dar uma folga para o bolso dos motoristas, o combustível irá seguir ao longo de 2022 acima de R$ 6. O valor deve exigir esforço dos brasileiros para adequar o custo do transporte ao orçamento.
De acordo com a projeção realizada, previsão é que o litro da gasolina chegue a ser vendido a um valor médio de R$ 6,18 no Brasil durante o mês de março. No entanto, novas altas devem acontecer e a projeção é que o combustível alcance a sua maior alta em setembro, ao ser vendido por um valor médio de R$ 6,55.

Além do equilíbrio macroeconômico para o início de 2022, nossa projeção levou em consideração a previsão do dólar e a formação do preço do combustível para o mês de janeiro, levantamentos realizados pelo Banco Central e pela Petrobras, respectivamente”, afirma José Geraldo Ortigosa, CEO da ValeCard.

Compartilhar:

  • Data: 05/01/2022 08:01
  • Alterado:05/01/2022 08:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados