89,4% dos brasileiros têm internet em casa
Acesso é diferente entre regiões, estados, raças e etnias
- Data: 12/12/2024 10:12
- Alterado: 12/12/2024 10:12
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Teletrabalho
Crédito:Marcelo Camargo - Agência Brasil
Uma pesquisa preliminar do Censo Demográfico 2022, publicada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 89,4% da população brasileira reside em domicílios com acesso à internet. Entretanto, esse acesso apresenta variações significativas entre diferentes regiões do país, bem como entre diversos grupos étnicos e raciais.
Os dados indicam que a falta de acesso à internet afeta desproporcionalmente a população negra e parda, com taxas de 12,9% e 12,7%, respectivamente, sem conexão em casa. Para a população branca e amarela, essas porcentagens são de 7,5% e 5,6%. A situação é ainda mais crítica entre os indígenas, onde 44,5% não têm acesso domiciliar à internet.
Em termos de unidades federativas, o Distrito Federal lidera o acesso à internet, com 96,2% dos domicílios conectados. Excluindo Rondônia, que apresenta uma taxa de 91,6%, os demais estados das regiões Norte e Nordeste têm índices inferiores à média nacional. O Acre apresenta a menor taxa de acesso, com apenas 75,2% dos lares conectados.
A pesquisa também destaca que em 179 municípios brasileiros, o acesso à internet ultrapassa 95% da população; destes, 98 estão localizados na região Sul. Por outro lado, existem 33 municípios onde menos de 50% da população tem acesso domiciliar à internet, sendo que 32 deles estão na região Norte.
Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, Balneário Camboriú (SC) registra a maior proporção de acesso à internet com 97,3%, enquanto Breves (PA) apresenta a menor taxa, com apenas 51,1%. “A desigualdade regional é bastante acentuada, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde há uma presença significativa de indicadores relacionados à precariedade habitacional“, afirma Bruno Mandelli, analista responsável pela divulgação dos dados do Censo.
O estudo ainda revela um cenário desiguais quando se analisa por cor ou raça: pretos, pardos e indígenas demonstram maiores taxas nos indicadores que refletem condições precárias de habitação em comparação aos brancos e amarelos.
A evolução tecnológica ao longo dos últimos anos foi notável. No Censo anterior de 2010, apenas 31,3% da população vivia em lares com microcomputadores conectados à internet. Naquela época, não se contabilizava o acesso via dispositivos móveis, que cresceu consideravelmente até 2022.
Em relação à posse de máquinas de lavar roupas nos lares brasileiros, o Censo aponta que 68,1% das residências possuem este eletrodoméstico em 2022. Em contraste com os dados de 2010 (46,9%) e 2000 (31,8%), houve um aumento significativo nessa estatística. No entanto, as disparidades permanecem: entre os pardos, 41,8% não possuem máquina de lavar; essa proporção é de 41,3% para os negros; enquanto brancos e amarelos apresentam taxas bem menores (18,9% e 10,8%, respectivamente). Para a população indígena a situação é alarmante: a taxa é de 74% sem máquina de lavar em casa.
Regionalmente falando, o Sul do Brasil detém a maior taxa de domicílios equipados com máquinas de lavar roupas (89,8%), enquanto o Nordeste figura como a região com menor índice (37,7%). Mandelli observa que “as informações dos Censos indicam uma evolução positiva na estrutura física das residências brasileiras”, ressaltando a ampliação do acesso a bens essenciais.
É importante destacar que o Censo Demográfico de 2022 não abordou alguns aspectos presentes na edição anterior de 2010. O valor do aluguel não foi investigado e informações sobre vários bens — como rádio e televisão — foram excluídas. De acordo com Mandelli, essa decisão se deveu ao desejo de simplificar o questionário mantendo itens relevantes como as máquinas de lavar.
Esta divulgação representa apenas um primeiro olhar sobre os resultados do questionário amostral do Censo Demográfico 2022. Os dados referem-se apenas a domicílios particulares permanentes ocupados e não incluem moradores em situações improvisadas ou coletivas. A pesquisa focou em seis elementos principais: condição de ocupação do imóvel (se próprio ou alugado), material das paredes externas da residência, número de cômodos e dormitórios existentes e a presença da máquina de lavar roupas e acesso à internet.
O questionário foi aplicado a uma amostra correspondente a 10% da população brasileira; no entanto, os dados ainda requerem ponderação para serem considerados representativos em nível nacional. Esta ponderação será definida após consulta às prefeituras locais para garantir aderência às políticas públicas planejadas. Os dados definitivos serão divulgados posteriormente.